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Foto do escritorLéo Viana

PRESSA




No caminho pra casa, vindo do ateliê, teve mais uma vez a sensação de que poderia ter ficado mais tempo lá. A grande encomenda de uma joalheria francesa estava dentro do prazo, as peças vinham sendo feitas com esmero, tudo estava ficando lindo. Uma ou duas horas a mais de produção gerariam certamente mais tempo livre em breve, além da facilidade que é trabalhar quando a inspiração e as condições são favoráveis. Tudo flui melhor. Tinha tudo isso em mente, mas a essa altura já deixava a bicicleta na garagem do prédio e subia pro apartamento de Laranjeiras, onde vivia.


O ateliê fora seu presente a si mesmo depois de uma curta e bem sucedida carreira de advogada trabalhista. O pequeno e despretensioso escritório que montara com sua melhor amiga de faculdade, ambas precocemente desiludidas com a carreira que haviam abraçado, ao visitarem as entranhas da relação entre patrões e empregados no novo capitalismo sem fronteiras das Bigtechs. Ganharam uma ação bilionária em conjunto com um escritório da Califórnia. O volume dos honorários foi tamanho que decidiu ali mesmo encerrar a carreira e se dedicar a seu prazer desde cedo, a confecção de biojoias artesanais. Fadada ao sucesso, tornou-se uma bem sucedida empresária do ramo sem abandonar os velhos hábitos de discrição e as velhas amizades.


Naquele momento, no entanto, pensava somente no fato de ter deixado o ateliê em pleno surto criativo.


Assim o fizera outras vezes. Não raro deixava antes da hora a sessão de terapia, que se habituara a fazer nos tempos da advocacia e que nunca pretende abandonar. Mais por comodidade do que por necessidade efetiva, considerando que a maior parte das intercorrências que a levaram ao divã ficaram no antigo escritório e hoje se sente com a liberdade máxima. A terapeuta, ciente e consciente, não se espantava mais. Paciente antiga tem direito a compreensão redobrada. Chegou a oferecer alta definitiva, mas ela não aceitou. E o custo nunca foi uma questão séria.

O corpo esbelto e cuidado demandou sempre um certo tempo de academia, contra a vontade da mente, que considerava aquilo antinatural.


Aquele grande salão de hamsters humanizados ( ou seriam humanos hamsterizados?) correndo em esteiras ou movimentando pesos em direções diversas a assustava, mas pra além da saúde, era seu contato com gente diferente de si, coisa que prezava muito. A vida na bolha é confortável, mas é preciso saber o que se passa no mundo. E nas cabeças das pessoas do mundo. O trauma das eleições de 2018 ainda desafiava o seu raciocínio. Não tinha visto os sinais. A vida na bolha dos amigos embaçava a realidade mais dura e abrilhantava demais o que nos era caro. Pois também da academia, muitas vezes saía antes de terminar as séries prescritas pelo personal indicado pela melhor amiga. Ou antes dos sempre bem vindos conselhos da nutricionista famosinha que a atendia após os treinos.


Um de seus hábitos mais arraigados era o cinema de fim de tarde, mas vinha deixando. Um pouco pelo fechamento sistemático dos cinemas de rua e outro pouco pela indisponibilidade de filmes interessantes. Nunca fora de assistir aos blockbusters. Gostava de cinema de autor e isso não vinha tendo espaço. E foi assim que aderiu ao streaming. Muitos filmes, escolha garantida e a possibilidade, tão presente, de deixar a sessão antes do fim. E ainda ver o restante da história depois!


Por fim, tinha trazido dos tempos do Direito um certo apreço à solidão. Algumas pessoas acreditavam que era esse o motivo das sempre estranhas saídas antecipadas. Isso fez estremecer os relacionamentos em que se envolvia. O último, com um ex-colega de banca, foi interrompido quando deixou o jantar entre o prato principal e a sobremesa, num restaurante estrelado, após iniciada a segunda garrafa de um vinho de alta linhagem. Levantou-se e saiu sem dar explicações, mesmo sem demonstrar, ao longo da noite, nenhuma contrariedade. O advogado, encantado com a bela figura e cultivando, já há tempos, uma paixão platônica por ela, ficou sem entender nada.


Ela mesmo não aguentava mais. Precisava superar essa mania.

No Rio, coitada, não conseguia fazer cocô fora de casa!!!


Rio de Janeiro, outubro de 2023.


 

Música de Bar e Boteco, escute aqui, na Cedro Rosa.





 

Assuntos pra ficar de olho vivo e cobrar.


Arthur Lira disse que vai cobrar a Caixa Econômica de porteira fechada, para votar pautas em favor do governo; lembrem-se de Gedel Vieira Lima, encontrado com $50 milhões de dinheiros, em varias malas.


Revitalizacao do Jardim de Alah, no Rio de Janeiro. Associacao de moradores e alguns arquitetos de renome contra. O mote dos moradores é "revitalizar sem descaracterizar". O mote da revista CRIATIVOS! " Revitalizar com cultura, arte, lazer, esportes, com geração de emprego e renda, sem poluição sonora ou visual".


 

Cultura, Arte, história, arquitetura


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