Que mundo é esse? Será que o gato está certo?
Estou sentado à escrivaninha, de frente ao notebook, olhos fixos na tela branca. Nos tempos pré-históricos isso acontecia diante do papel em branco nas Underwoods, nas Olivettis. Desafiador, como sempre. E estimulante também.
Penso no projeto do livro O que aprendi com meu gato. O protagonista é ‘Zeca Baleiro Dois’, que no livro terá o nome de ‘Pombo’. Está aqui, acomodado sobre uma pilha de livros numa banqueta, dessas altas, ao lado do meu móvel de trabalho. Enrodilhado, daquele jeito que eles gostam. O rabo próximo ao queixo. Me observa com uma mal dissimulada desatenção.
A pauta passa rápido pela mente. Sobem como os créditos de filmes em alguns canais de TV. Alguém teve a campanha eleitoral patrocinada pela indústria de armas, só pode, e agora importamos a violência, pecado comum no lado de cima do Equador. Gente doida invadindo escola pra matar colegas. E tem o desequilíbrio climático, e tem queimadas, a seca pavorosa na Amazônia, inundações no sul e até um tornado assustador no oeste do Paraná.
Também foi importado? Lembrei de uma piada infame dos tempos de colégio: o Brasil não tem terremoto, não tem furacão, mas... É infame demais. E tem o genocídio, a limpeza étnica apelidada de guerra pela grande mídia. Uma criança morre a cada dez minutos. É muito mais infame que a piada.
Zeca, na verdade, Pombo, manda um alô. Conversamos telepaticamente. Não sei como ele...nós, aprendemos isso. Ele diz que essa sensação de impotência diante dos fatos é compreensível, mas não tem viagra que dê jeito. “As coisas são como são e você não tem como mudar isso. Pare com a mania de buscar sentido em tudo. Nada faz sentido. Nunca fez”. E continuou enrodilhado me olhando com seu olhar ligeiramente estrábico. Eu respondi que ele não entendia nada e que não passava de um gato míope. E de ficção.
Iniciei o bailado das falanges sobre o teclado e Pombo me dirigiu outra vez a palavra, telepaticamente falando: “Lá fora está um domingo lindo, como há tempos não havia por essas bandas. Céu azul profundo e umas poucas nuvens de algodão”. “O que há de tão especial nisso?”, indaguei e ele: “Vá lá fora ver. Está chovendo gente. Gente precipitada do céu”. Pensei num filme que não vi, ‘Está chovendo hamburguer’. Zeca disse que também não viu, mas insistiu que eu fosse à varanda. Fui. Realmente o céu muito azul, lindo e... caindo gente.
Voltei ao escritório: “Zeca, meu caro felino, estrábico, míope e desinformado. São paraquedistas. Este bairro que estamos morando, fica próximo ao aeroclube que normalmente recebe nos finais de semanas algumas centenas de aficionados nesse esporte, ou diversão, sei lá”. Pombo não sabe que Resende, no Rio e Boituva, em São Paulo, são considerados locais apropriados para esse tipo de atividade. “E eles não veem do céu. Saltam de aviões”. Zeca insistiu: “Mas não estão caindo do céu?” Vacilei ao responder que era uma questão de ponto de vista e ele rebateu dizendo que “todo ponto de vista, é a vista de um ponto”. Êpa! O malandro agora cita Leonardo Boff! Quer ganhar o grito.
Tirei as mãos do teclado e me voltei direto para ele que imediatamente indagou se eu tinha visto as imagens esculpidas nas nuvens no horizonte e eu disse que não vira nada. Ele, se ajeitando para nova soneca disse que a sensação de impotência é apenas por eu não aceitar que tudo acontece como tem que acontecer. E num bocejo sussurrou: “O que te falta em imaginação, sobra em ingenuidade”. E acomodou a miopia sob as pálpebras.
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