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Foto do escritorPaulo Eduardo Ribeiro

Quem dera



Quem dera eu tivesse a sensibilidade de um compositor, buscando versos, construindo histórias, inventando amores, detalhando casos, quem sabe assim eu pudesse escrever de um jeito que tocasse o coração das pessoas, que alegrasse seus dias, que regozijasse suas almas.

Quem dera eu tivesse a capacidade de me expressar como se expressam os poetas, os mais famosos, os anônimos, os brilhantes, os humildes, que rimam com maestria, que são maestros na escrita sem a necessidade de rimar, encantando adultos, iniciando as crianças no encanto da poesia.


Quem dera eu tivesse nascido com a capacidade de cantar, emitir notas graves, talvez agudos inimagináveis, poder emocionar plateias, fazer companhia para pessoas solitárias, seja no rádio do carro, seja em seu aplicativo preferido ou nos discos antigos, nas fitas cassetes.

Quem dera eu tivesse a capacidade e a paciência de ensinar, abrir os olhos das pessoas para coisas explícitas, para coisas não tão explícitas, para coisas obscuras, ser referência, parar para ouvir, corrigir, discutir, buscar um consenso, aprender.


Quem dera eu tivesse a genialidade de George Orwell ou Ray Bradbury, poder imaginar um futuro distópico, transformar essas ideias em textos que se perpetuaram através dos anos graças a uma sagacidade assustadora, mas ao mesmo tempo fascinante e intrigante.


Quem dera eu pudesse viajar o mundo, conhecer culturas diferentes, pessoas diferentes, provar comidas diferentes, com ingredientes diferentes, preparados de maneiras diferentes, só para no final perceber que no fundo todos somos iguais, tudo é igual em sua essência.

Quem dera eu tivesse a capacidade de amar como um cachorro, sua inteligência “irracional” da maneira mais racional possível, seu olfato aguçado, que faz encontrar, que avisa quando alguém chega, e que nunca pede nada em troca.


Quem dera eu pudesse me divertir vendo um jogo de futebol, me esquecer das brigas “racionais” da maneira mais irracional possível, poder torcer, usar a camisa do meu clube, celebrar as vitórias, chorar a derrota no último minuto, tirar sarro, aguentar a “tiração” de sarro, dormir, acordar e me preparar para o próximo jogo, o próximo campeonato, sem neura, sem culpa, sem violência, sem a falta de vontade de assistir a um jogo de futebol como hoje em dia eu tenho.

Quem dera eu tivesse a paciência de um monge, paciência em casa, no trabalho, com a família, com os amigos, no trânsito com seus motoristas irresponsáveis, com os metidos a piloto, com os imprudentes, com os iniciantes sem habilidade, com os mais velhos naturalmente pacientes, com os mais velhos naturalmente imprudentes e irresponsáveis.


Quem dera eu tivesse a inocência de uma criança, sem preconceitos, sem questionamentos, sem cobranças, sem maldade, sem preocupação com o futuro, sem preocupação com o presente, sem medos, com muitos medos, sem vergonha, com vergonha demais.


Quem dera eu pudesse levar minhas histórias aos quatro cantos do mundo, para muitas pessoas, para algumas pessoas, para quem estivesse disposto a me ouvir, a ler o que eu escrevo, assistir aos vídeos que eu gravo, trocar mensagens, trocar conhecimento.

Quem dera eu tivesse aproveitado melhor as oportunidades que tive, ou talvez eu devesse ter criado oportunidades, para mim, para outras pessoas.


Quem dera eu tivesse escutado mais, estudado mais, planejado mais, procrastinado menos.

Quem dera eu tivesse a sabedoria do meu pai, um homem simples, um homem de bem, com todos os seus erros, seus acertos, superações, integridade, decência e dignidade.

Quem dera eu tivesse a fé da minha mãe, sua capacidade de ajudar as pessoas, de entender seu papel aqui na Terra, de perdoar, pedir perdão, seguir sua crença sem se desviar no meio do caminho, de orar por ela, de orar por todos.


Quem dera eu tivesse o carisma do meu irmão, ter sua capacidade de rir, rir da vida, das coisas boas, das ruins, rir sozinho, rir com os outros, ter um coração tão grande que não cabe dentro daquele peito, de ser o melhor irmão que eu tenho mesmo sendo o único irmão que eu tenho.

Quem dera eu pudesse... Não, quem dera não.


Que eu possa ser tudo isso, um pouquinho disso tudo, e que eu possa apenas entender todas essas coisas, aprender com elas, evoluir e ser melhor a cada dia, um pouquinho só a cada dia, mas todos os dia.


Paulo Eduardo Ribeiro, do Canal Ponte Aérea, para CRIATIVOS!


 

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