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Realidade insana: seitas e narcisismo na política atual.

Foto do escritor: Suzana PaduaSuzana Padua

Suzana M. Padua
Suzana M. Padua


O que tenho ouvido de pessoas espiritualizadas é que tudo vai piorar antes de melhorar. No entanto, na rapidez com que tudo vem ocorrendo, talvez não dê tempo de salvarmos o planeta e toda essa linda riqueza que ainda tivemos o privilégio de conhecer. Na verdade, é a espécie humana que corre risco de desaparecer, pois o planeta deve continuar a existir, apesar das destruições causadas por nós.


Sem nossa presença a Terra poderá até se recuperar, mas terá perdido grande parte de sua diversidade por conta da ação humana. A humanidade se mostra mais ávida e gananciosa do que nunca, sem qualquer parâmetro de normalidade ou de preocupação com quem mais precisa, seja gente ou natureza. Falta humanidade à humanidade.



As últimas propostas do Presidente Trump atestam total insanidade e egoísmo.

Surpreende a todos, mesmo que tenha defendido muitas dessas ideias durante sua campanha, que agora coloca em prática. Sempre se mostrou desiquilibrado, mas assim mesmo ganhou de lavada, com grande maioria em todas as esferas do poder e do grande público. Ou seja, Trump foi uma escolha!


O Brasil já teve alguns presidentes com perfil semelhante, como Jânio Quadros, Fernando Collor de Mello e, recentemente, Jair Bolsonaro. As pessoas parecem votar em perfis radicais, mesmo que os candidatos não escondem quem são, talvez por desejarem mudar o que está em vigor. A insatisfação que os leva a escolher pessoas assim, com posicionamentos mais radicais, pode ter diferentes razões, como se sentirem injustiçados, inflação, corrupção, ou outros fatores semelhantes.


Minha intenção não é fazer uma análise política, mas sim refletir sobre o fanatismo atual.

Esse assemelha-se a seitas, por serem “verdades” indiscutíveis. As seitas dependem de alguns líderes e muitos seguidores que não questionam e nem duvidam do que é determinado como certo.


Quem segue se sente parte de algo importante, inviolável, muitas vezes secreto e determinante para o destino de uma parte ou de todo o planeta. Acham-se sábios e conhecedores de conhecimentos que o restante das pessoas desconhece. Sentem-se privilegiados, importantes e parte de um grupo seleto. Acreditam em futuros ameaçadores e meio macabros que vão acontecer, caso as regras dos líderes não sejam seguidas.


Já os líderes são escolhidos por dons secretos e se arvoram de defender missões elevadas, especiais, misteriosas. Inspiram pelo fervor de suas crenças e determinismo de propósito. Mas, existe sempre a intenção não explícita de poder e muitas vezes dinheiro. 

 

O que são seitas e como entra o narcisismo na equação política?


As seitas decorrem de líderes que manipulam as pessoas por medo e culpa. Criam um inimigo comum com a ideia de que somente eles são capazes de salvar de perigos iminentes aqueles que os seguirem. Criam, assim, campos antagônicos - nós contra eles - sempre indicando que serão eles quem poderão ser os salvadores.


Precisam de seguidores que servem de suprimento, que vem de aplausos e atenção e muitas vezes dinheiro que arrecadam. Por isso, atraem pessoas que, com o tempo, se despersonalizam, passam a acreditar cegamente no que o líder defende e por vezes compartilham seus bens materiais.


Em geral, são pessoas sensíveis e com intenção de serem úteis. Muitos seguidores têm perfil altruísta e nutrem desejosos de servir a alguma causa nobre. Por isso acreditam que salvarão o mundo se seguirem o líder que sabe o que faz e tem poderes mágicos. Outros seguidores são frágeis e inseguros e, assim, anseiam por uma liderança externa - alguém que acreditam ser avançado e com conhecimentos profundos sobre o destino do mundo.


A maioria das seitas nega a ciência. Claro, pois conhecimentos embasados em estudos aprofundados dificilmente seriam aceitos por quem detém “verdades” absolutas. A ciência, em geral, é “inimiga” e considerada campo a ser evitado. Os líderes agem como superiores à ciência e não têm escrúpulos em criar e disseminar fake news, que reforçam mentiras, medo e difamam quem se opõem às inverdades que espalham.


A restrição à liberdade pessoal é uma constante nas seitas. Valores individuais são ignorados. Isso porque é o líder quem detém conhecimentos e qualidades de tudo, e por isso dita as regras a serem seguidas. Muitos dizem ter informações privilegiadas advindas de fontes ocultas, que os seguidores não têm acesso e por isso não devem duvidar.


Os líderes são, em sua imensa maioria, narcisistas, sempre no centro das atenções. Dizem trazer o melhor para todos, mas privilegiam aquilo que os beneficia diretamente. Muitos disfarçam seus traços nocivos, parecendo “santos” e bem-intencionados, mas fazem quem vive à sua volta sentirem-se infelizes e amargurados. Precisam de holofotes, brilho e aplausos, sempre abafando quem está a sua volta. Procuram gente que concorde com eles e não quem os confronte. Podem ser bem cruéis quando se sentem questionados, intimidando por atitudes que humilham.


(Quem quiser saber mais sobre narcisismo, recomendo o Instagram #voarparaliberdade, onde a psicóloga, Joana Padua, detalha aspectos relevantes que ajudam a abrir a mente de quem se aprisiona em arapucas psicológicas com personalidades narcisistas. Sobre seitas, recomendo os seguintes autores: Dr. Janja Lalich e Michael D. Langone, no Livro: Take Back Your Life: Recovering from Cults and Abusive Relashionships).


Efeitos dessa tendência na política?


Na política, as dimensões passam do singular ao plural. Muitos líderes de nações se caracterizam por serem narcisistas e criarem seitas que os sustentam. Alguns hoje afetam todo o sistema hegemônico mundial, como Trump e outros com impactos mais regionais. Agem com o egoísmo típico dos narcisistas. Defendem causas que os favorecem, mas que prejudicam multidões ou o meio ambiente. Todos têm que servir aos seus anseios e delírios. Sem princípios éticos, o efeito é sempre destruidor, com consequências devastadoras. Um personagem assim e com poder ilimitado nas mãos é um perigo planetário. A preocupação em melhorar o mundo como um todo se acabou, tanto em relação aos menos favorecidos quanto à proteção da natureza. É como se não fizéssemos parte dela.


Há indícios de um salve-se quem puder bastante generalizado! Quem ajuda os outros, especialmente os menos favorecidos, é taxado de comunista, mesmo que sempre tenha sido considerado moderado. A natureza, então, que requer uma visão ampliada de sua importância, tem sido mais e mais ignorada e longe das prioridades. E essa tendência tem se ampliado para o setor privado. Grandes empresas e bancos aboliram planos de implementar o chamado ESG (Environmental, Social and Governance), que visa melhorias Ambientais, Sociais e Governança. Exemplos incluem Blackrock, Equinox, Coca Cola, e inúmeras outas... Uma lástima!


A tendência é negar mudanças climáticas (que têm ciência como base). E o slogan de Trump: “drill baby drill”, “perfura baby perfura” terá consequências nefastas inimagináveis. Não vão sobrar locais protegidos, e culturas milenares serão desrespeitadas. Essa é visão egoísta que prioriza resultados a curto prazo.


No Brasil, a pressão é por perfurar a foz do Amazonas, cuja biodiversidade é imensa e ainda nem estudada. Destrói-se sem que se conheça, perdendo um possível patrimônio muito mais valioso do que petróleo, para o qual já se tem alternativas viáveis.


Falta vontade! Falta gente bem formada em posições chave. Falta responsabilidade para com o planeta. Faltam valores éticos nas escolhas feitas.


A Terra é nossa casa. Nosso lar. E ao destruí-la estamos nos destruindo também. As consequências já são visíveis e têm afetado muitos em diferentes partes do mundo. Estramos vivendo um retrocesso que mais parece um pesadelo.


Está difícil vermos saídas promissoras para o momento atual. Mas, talvez o primeiro passo seja perceber a gravidade do momento e nos unirmos com toda nossa força na recusa de entrarmos em armadilhas e seduções que nos beneficiem individualmente ou apenas grupos seletos quando os efeitos trouxerem prejuízos sociais ou ambientais. 


As tentações podem ser imensas, especialmente porque a tendência que agora predomina é de se tirar vantagens enquanto há tempo. A esperança ainda está na permanência dos presidentes, narcisistas ou não, por mandatos de apenas quatro anos.


O cenário atual me fez lembrar a palestra do professor Dr. Kent Redford, quando da inauguração do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas em 1992, Comparou as tentações de destruição da natureza ao canto das sereias ouvidas pelo deus grego Ulisses, ao se amarrar ao mastro de seu navio e pedir que quanto mais sua equipe ouvisse os cantos sedutores, mais deveriam apertar suas amarras. Ou seja, não queria cair nas tentações de desviar o rumo de sua nave. A vulnerabilidade humana foi reconhecida por Ulisses, mas agora o poder de destruição é incomparavelmente mais devastador do que em sua época.


Precisamos ter essa consciência, pois como Ulisses, que sabia de sua responsabilidade de levar sua embarcação a um determinado destino, assim somo nós responsáveis pelo rumo de nosso planeta.


 A escala aumentou e as consequências passam de um barco para a vida no planeta Terra. Cabe a nós despertarmos e fazermos escolhas corretas e éticas. Quem sabe devemos ouvir mais as pessoas espiritualizadas que acreditam que tudo pode melhorar (depois de piorar), sem precisarmos passar por mais dores e perdas.


 

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