Renato
Foi na década de 1980 do século passado que eu ouvi falar pela primeira vez do Renato. Era 1985, mas parece que foi ontem que o Toninho, o cara mais velho da turma chegou com aquele disco de capa branca falando que a gente precisava ouvir aquela banda de Brasília.
O Toninho era o mais velho da turma, extremamente inteligente, com gosto refinado, ele era o único naquele momento que conhecia The Smiths e The Police, e foi ele que também nos apresentou essas e outras bandas.
Não sei ao certo qual foi a primeira música que ouvi, mas sei que aquela letra bateu em minha mente como uma marreta descendo sem a intenção de parar. Acho que foi “tempo perdido”. “Será?”
Os anos 80 foram o período de minha adolescência, descobertas, decepções, drogas, Rock and Roll, e sempre com o Renato por perto.
Quem além dele poderia falar em uma canção de Eros, Thanatos, Persephone e Hades?
Às vezes é difícil acreditar no talento e na cultura de alguém tão jovem. Eu queria escrever como o Renato, um cara capaz de rimar romã com travesseiro tem que ser muito respeitado.
Um pouco de rock! Vem nessa playlist!
Eu sei que muita gente não vai concordar comigo, mas o Renato, para mim, foi o poeta da minha geração, o cara que era fã de Nick Drake, que eu só conheci por ser fã do Renato, mas que pouca gente conhece por aqui.
Para mim ninguém escreve com a “perfeição” que ele escrevia, e não importava o assunto, podia ser sobre “índios” ou sobre o “vento no litoral”, as letras entram e ficam sempre querendo dizer alguma coisa na cabeça da gente, e o mais interessante é que dizem ainda hoje.
Ele ousou questionar “que país e esse” em plena ditadura, mas o que mais me assombra é como pode uma letra escrita em 1978, isso mesmo, 1978 ser tão atual? “Eu sei”, coisa de gênio.
Uma pena não poder acompanhar as ideias do Renato hoje em dia, vocês conseguem imaginar ele no Twitter? Eu consigo, mas isso é uma coisa que jamais poderemos vivenciar.
O cara que dizia em 1986 que sexo verbal não fazia seu estilo, com certeza teria muitos textos para nos brindar se estivesse vivo, em tempos de redes sociais, tempos de tanta coisa ruim sendo veiculada um pouco de cabeça pensante é sempre bom, quem sabe com a turma da “geração Coca-Cola”.
O Renato foi o primeiro a me fazer ter vontade de conhecer “Angra dos Reis”, não por causa da usina, mas por causa do poder e da letra em meus momentos de profunda reflexão em meu quarto naqueles dias de 1987.
Quem mais poderia contar a história de “Eduardo e Mônica” como um roteiro de cinema além dele? Você praticamente vê as cenas se passando na frente dos seus olhos enquanto a música toca, aliás, essa característica do Renato é insuperável.
Tantas histórias contadas, algumas que remontam da época do “descobrimento do Brasil”, mas ele era um crítico consciente, falava do “senhor da guerra” e de “soldados” com a mesma maestria que falava de problemas na “fábrica”, ou ainda de temas bíblicos como, por exemplo, de “Daniel na cova dos leões”.
Já ouvi pessoas dizendo que ele trazia sempre “mais do mesmo”, mas “ainda é cedo”, pelo menos para mim, para tentar chegar a essa conclusão afinal, trata-se de uma relação de muitos anos e hoje “o mundo anda tão complicado” que como ele mesmo dizia: “se o mundo é mesmo parecido com o que vejo, prefiro acreditar no mundo do meu jeito”, cada um com sua opinião.
Vou continuar ouvindo e refletindo sobre a visão de mundo e de como ele colocava isso nas coisas que escrevia. Por quanto tempo ainda vou fazer isso? Acho que “por enquanto” ou “só por hoje”.
Um pouco de pop romântico! Vem nessa playlist!
Se eu tivesse o conhecido pessoalmente talvez lhe dissesse “vamos fazer um filme”, claro que ele seria o responsável pelo roteiro, e digo isso “quase sem querer”, mas essa viagem me faz pensar no que eu faria nessa dupla hipotética, com certeza eu apenas observaria e ficaria de boca aberta como eu ainda fico mesmo depois de tanto tempo.
Acabei por me tornar professor, e mesmo em sala de aula sempre me lembro de suas letras, seja quando pego um “giz” ou quando “os anjos” em forma de alunos fazem questionamentos inteligentes, adoro seus “teoremas”.
Nossa, daria pra falar de tantas outras coisas, mas talvez eu faça isso “quando o sol bater na janela do seu quarto”.
Bom, “l'avventura” acaba por aqui, mas não quero encerrar sem dizer que naquele tempo remoto da década de 80 “eu era um lobisomem juvenil”, e se por acaso você não conseguiu entender o que isso quer dizer relaxe, eu apenas queria arrumar um jeito de citar a música do Renato que eu mais gosto... até hoje.
Paulo Eduardo Ribeiro, do Canal Ponte Aérea, para CRIATIVOS!
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