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Reppolho, seu dicionário de rítimos e percussão e sua carreira

Atualizado: 23 de mar.



O percussionista pernambucano, Givaldo Santos, o conhecido Reppolho, que também é cantador, compositor, escritor, produtor musical, arranjador e pesquisador, foi descoberto e trazido ao Rio de Janeiro em 1979 por uma das estrelas fundadoras da Bossa Nova, o pianista e compositor, Johnny Alf. Na bagagem, Repolho trouxe o peso da sua percussão autêntica, desenvolvida por anos.

 

          Daí em diante o homem foi subindo a escadaria do estrelato acompanhando pesos pesados da nossa música como Gilberto Gil, Gal Costa, Nana Caymmi, Milton Nascimento, Elza Soares, Baby do Brasil, Moraes Moreira, Elba Ramalho, Tim Maia, Luís Melodia, Ednardo, entre tantos outros. Aqui e fora do país.   

 

         Na música instrumental, Reppolho divide, há tempos, apresentações com seus pares mais celebrados no nosso meio musical, gente do calibre de Rubão Sabino, Robertinho Silva, Robertinho de Recife, Rosinha de Valença, Jamil Joanes, Márcio Montarroyos, Leo Gandelman, Victor Biglione, Artur Maia, Alberto Continentino e outros mais.

 

Também circulou pelo cinema participando das trilhas sonoras dos filmes: Palmares (Carlos Diegues), Luzia Homem (Fábio Barreto), “Comandante Negro” e “Condenado à Liberdade”, ambos de Emiliano Ribeiro. No teatro, trabalhou na trilha sonora da peça “Ah, Ah, Hope” (1979), escrita por Neuza Navarro e Biza Vianna e dirigida por Neuza Navarro e pelo cineasta Zózimo Bulbul. Reppolho fez a direção musical da peça infantil “Quixote brasileiro” (2006), texto de Menotti del Piccia adaptado por Telma Cintrão e dirigido por Antônio Paulo Soares. Com a cantora pop Deborah Blando, compôs a música "Unicamente", tema de uma famosa série de TV da Globo, em 1997. 

         Ainda no seu currículo, seis álbuns solos: ‘Tribal Tecnológico’ (WEA-1989), ‘Em Perfeita Vibração’ (Leblon Record - 1994), ‘Dialetos instrumental’ (GJS - 2002), ‘Zabumbeat’ (GJS- 2008), ‘Batukantu’ (GJS - 2014), ‘Reppolho & Ednaldo Lima Juntos’ (GJS- 2018). Tudo isso, além de shows e gravações em estúdios, o homem ainda arrumou tempo para pesquisar sobre ritmos e instrumentos de percussão. Em 2012 publicou o seu Dicionário Ilustrado de Instrumentos de Ritmo e Percussão, com produção independente. Ufa!



fonte: Divulgação
fonte: Divulgação

 

CRIATIVOS - Reppolho, você chegou ao Rio pelas mãos de um prócer da Bossa Nova. Embora os tempos já fossem outros, você chegou a conviver com o pessoal da Bossa Nova?  E Johnny Alf, como foi o convívio com ele?

Reppolho - Sim, em 1979 fui descoberto pelo saudoso mestre e eterno padrinho precursor do gênero "Bossa Nova", Johnny Alf. Isto aconteceu após a minha participação no seu show como músico percussionista local dentro do "Projeto Pixinguinha", apresentado no "Teatro do Parque" na minha cidade do Recife-PE. Porém, nunca tive nenhuma relação com o movimento da Bossa Nova. Com o Johnny Alf foi uma convivência de nova experiência musical, amizade, carinho, respeito e gratidão. Assim dava-se início a minha trajetória no Rio de Janeiro, acompanhando-o no show apresentado no "SESC Tijuca" e, entre outras, no extinto restaurante francês "Teclados", que anos depois, deu lugar ao também extinto "Mistura Fina" da Lagoa.

 

CRIATIVOS - Nessa sua carreira vertiginosa e densa você conviveu com estrelas da mais alta prateleira da MPB. Fale um pouco desse tempo.

 

REPPOLHO - Ao longa da minha trajetória aqui no Rio de Janeiro tive a oportunidade de tocar com grandes nomes da MPB além do Johnny Alf.  Ainda no ano de 1979 no início da trajetória aqui no Rio de Janeiro tive outra importante conquista, que foi me tornar músico fixo da Funarte. Durante esse período acompanhei Wanderleia, Jorge Mautner e Luciana de Moraes, Carmem Costa, Zezé Gonzaga, a lendária dupla Adelaide Chiozzo (atriz e acordeonista) e Eliana Macêdo. E a partir dos anos de 1980 passei acompanhar nomes consagrados como: Robertinho de Recife, Ednardo (Pavão Misterioso), Gilberto Gil (durante 7anos), Gal Costa, Milton Nascimento, Paulo Moura, João Bosco, Tim Maia, Elza Soares, Nana Caymmi, Pepeu Gomes, Elba Ramalho (por 5 anos), Moraes Moreira por quase 20 anos, entre outros. Todos tiveram grande importância na minha carreira como pessoas e experiências musicais.

 

 

CRIATIVOS - Outro capítulo forte, é o universo instrumental. Você conviveu e convive com muitos craques. Como é essa relação?

 

REPPOLHO - Na música instrumental a relação sempre foi com menos frequência, porque a minha formação musical vem dos bailes, festivais, casas noturnas e influências da música popular brasileira, da regional nordestina, da black-músic nacional e internacional, incluindo o rock. Todavia o Jazz só veio entrar no meu universo percussivo a partir do meu contato com o Johnny Alf. O conhecimento mais amplo com relação ao jazz veio durante o período que toquei com o Gil que já se apresentava em festivais de jazz na Europa dividindo palco com Miles Davis, Spyro Gyra, George Benson, Herbie Hancock entre outros consagrados. Daí passei a ouvir e ter mais interesse no modern jazz, latin jazz e no jazz fusion. Na música instrumental  brasileira tive a honra de participar em trabalhos e tocar com Léo Gandelman (saxofonista), Ricardo Silveira (guitarrista), Beto Saroldi (saxofonista), Márcio Montarroyos, Carlos Bala (baterista), Mamão (baterista do grupo Azimuth), Nico Assumpção (baixista), Arthur Maia (baixista), dentre outros. "Sou um músico autodidata"

 

CRIATIVOS - Perdemos recentemente, um dos grandes nomes do nosso cinema, Cacá Diegues, com quem você também trabalhou. Como foi esse período das trilhas musicais para filmes? Você ainda convive com o meio cinematográfico?

 

REPPOLHO - Pois é, a partida do Cacá Diegues vai deixar saudades e fazer falta no cinema brasileiro. Com ele tive o privilégio de trabalhar, contribuindo com a minha percussão, na gravação da trilha sonora do filme "Quilombo dos Palmares" ao lado do mestre percussionista Djalma Correia. Outra experiência no cinema foi filme "Corações à Mil" dirigido por Jom Tom Azulay, neste participei como músico coadjuvante da banda do Gil. Entre estas participações tive outras contribuições nas trilhas sonoras dos filmes: "Luzia Homem" composta pelo cearense Ednardo e dirigido pelo Fábio Barreto, "Almirante Negro" (curta-metragem) e "Condenados à Liberdade" de Emiliano Ribeiro. O teatro foi a primeira experiência em trilhas sonoras, sendo coadjuvante na peça "Ah, ah, esperança"(Biza Vianna e Neuza Navarro), direção Zózimo Bulbull. Esta também foi uma grande experiência e aprendizado.

 

CRIATIVOS - Dos seus álbuns gravados, você destacaria algum ou alguns, em especial?

 

REPPOLHO - Dos meus seis álbuns lançados, o mais importante e significante como o início da carreira solo autoral, foi o "Tribal Tecnológico"(WEA -1989). Um disco que teve a produção musical em parceria com o Edson Campos e convidados super especiais, aos quais serei eternamente grato pela força e apoio. Esses agradecimentos vão para os saudosos, maestro Paulo Moura e o grande violonista Raphael Rabelo, para o querido parceiro de longas datas e uma das maiores referências da guitarra brasileira, Pepeu Gomes, para a querida Sandra de Sá e a todos os músicos pela carinhosa e generosa contribuição.

 

CRIATIVOS - Nesses 50 anos de vida profissional, atribulada e altamente musical, com gravações, shows, música para cinema e muitas viagens, muita agitação, você ainda conseguiu tempo para pesquisar e escrever o seu "Dicionário Ilustrado de Instrumentos de Ritmo e Percussão". Fale um pouco sobre seu livro.

 

REPPOLHO - Então, essa ideia de me interessar em saber das origens dos nossos ritmos e instrumentos de percussão, foi despertada em meados dos anos de 1980, durante as viagens que fazia com o Gil pelo Brasil e exterior. Daí, foi que percebi a necessidade de não só tocar os tambores e executar os ritmos responsáveis por embalar às nossas danças e manifestações afro-ameríndia-brasileiras. O ponto de partida das pesquisas surgiu nas minhas viagens ao Senegal (África Ocidental), à Cuba (América Central) e a Porto Rico (Caribe), a Israel, Japão e pela Europa, em especial à França, Portugal e Espanha, sempre  acompanhando o Gil, sem esquecer uma ida à Luanda (Angola) acompanhando Elba Ramalho.  Essas pesquisas foram se desenvolvendo ao longo dos anos, junto ao trabalho e gerando o meu Dicionário Ilustrado de Ritmos & Instrumentos de Percussão, lançado em 2012 e com segunda edição lançada no ano de 2014.


 

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