‘Saideira’, mais uma iniciativa do talentoso e incansável Guido de Castro, meu parceiro musical
O enredo: o cidadão marcou encontro com a comadre em frente à uma casa noturna que é um dos ícones do bairro. Cansado de esperar, ele arruma a lapela e segue pela Lavradio sentido Mem de Sá. Passa por gente alegre, elegante. Se preparando para a madrugada, come umas empadas naquela conhecida franquia, depois completa com uma comidinha alemã no clássico bar da Mem de Sá. Toma uma abrideira e se sente mais bonito que Alain Delon ao seguir para o samba no Democráticos. Lá se apresentam dois craques: Moacyr Luz e Mestre Monarco. Depois do show, ele sai com o espirito enguiçado do jeito que o Tuninho Gerais citou no seu belo samba e faz uma via crucis pelos bares madrugada adentro. No final, início do outro dia, sentado à mesa num tradicional abrigo dos boêmios, ele pensa nela, bebendo a saideira. O Capela fecha às seis. Ponto final.
Esse é a história contada no samba ‘Saideira’, gravado pelo jovem cantor Beto Oliveira no álbum duplo do mesmo nome, produzido pelo meu parceiro musical Guido de Castro e colocado recentemente em várias plataformas de música (Spotify, Amazon, Deezer, YouTube e outras). Além disso o álbum existe fisicamente, com cinquenta composições, sendo um CD com 25 instrumentais e outro com 25 as composições letradas, este, resultado das parcerias do Guido com seus letristas habituais, entre os quais eu me incluo, sendo inclusive o autor da letra do samba em questão.
Só pensam em samba!? Ouça na Spotify.
Conheci o Guido de Castro num festival de música, organizado pela Prefeitura de Resende. Eu fazia parte do júri e Guido concorreu com um Choro, se não me engano. Isso foi lá no limiar do novo milênio. A partir daí viramos amigos e logo, parceiros musicais. O Guido na época morava no município vizinho de Quatis. Atualmente é morador da Tijuca. Além de compositor e na minha análise, um melodista dos bons, Guido também faz arranjos para as canções e tem o ímpeto de produzir CDs independentes, sempre abrindo espaço para vários intérpretes. Participo de pelo menos uma meia dúzia de discos dele. É um autor de outros tempos diriam os mais jovens. Da sua lavra saem sambas, bossas, choros, marchas-rancho, baladas e outras. O sujeito é uma espécie de perpetuador do que de melhor se inventou em termos de música no país.
Nossa primeira empreitada foi com o choro cantado, ‘Atrevida’. Mandei a letra ele musicou. Achei o máximo. Tiramos o segundo lugar no Festival de Volta Redonda em 2006 na interpretação da ótima Sara Bentes acompanhada pelo grupo de choro ‘Nós nas Cordas’. No ano seguinte um terceiro lugar em Piraí, com a mesma Sara Bentes e o mesmo Nós nas Cordas. Passou mais um ano e outro segundo lugar, em Quatis. A história desse choro em festivais, acabou em 2018 nos palcos do João Caetano no festival da Escola de Música Villa Lobos, onde Guido então estudava. Ficamos entre as dez finalistas. Foi bom ver ‘Atrevida’ (editada pela Cedro Rosa) naquele palco histórico. Nessa mesma noite, dei uma passada no Bip Bip, para dar um abraço no Alfredo. Foi a última vez que o vi. Tempos antes, meio atrevido, achei que a Nilze Carvalho poderia cantar nosso choro. Não deu em nada e essa história já rolou aqui.
Depois vieram outras parcerias, sambas, marchas-rancho e até um CD de canções brejeiras, cuja principal, ‘Andante’ foi gravada por um jovem cantor sertanejo. Guido de Castro é meu parceiro de música mais constante. E me perdoem a cara de pau de usar o espaço para divulgar nosso trabalho. É o que nos cabe, autores desconhecidos, rsrsrs. Entre no Spotify ou nas outras plataformas e ouçam Saideira. O samba também está na playlist Sons da Villa-Lobos. Um abraço!!
“Deu onze horas, eu não vi a sombra dela / Arrumei minha lapela, já cansado de esperar / Adulterando meu primeiro itinerário / Dei um tchau para o Scenarium, e me pus a caminhar / Cheio de brio eu segui a Lavradio / Uma artéria desse bairro que é do Rio o coração (...) Fui preparando a estrutura pros trabalhos / Uma empada no Belmonte e um chucrute no Brasil / Uma branquinha de abrideira e já me espalho / Sinto-me mais belo do que alguém jamais me viu / E vou flanando para um samba de responsa / Democráticos apronta com uma dupla de primeira: / Mestre Monarco junto com Moacyr Luz / É a Mangueira abraçando Oswaldo Cruz (...) Passam as horas e a madrugada avança / Não é mais uma criança, minha noite companheira / Me sento à mesa solitário e penso nela / Lá no Capela de manhã com a saideira”.
(Saideira- Guido de Castro/Laís Amaral Jr.)
Muito Samba!
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