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Samba no Pé, Caneta na Mão

Foto do escritor: Jorge CardozoJorge Cardozo


“O omi tá com a razão./Você não tem como negar/O samba é mais que o ritmo/É mais que um rabisco/Tem que desenhar/Tem que desenhar/Não basta o batuque na mesa/Pra ter a certeza/Tem que registrar/Tem que registrar/O samba é o ar que se respira/É o alvo em que mira/A seta do compositor/O samba expressão da pura lira/É a voz que não se ouvira/A partir de alguma dor/Talvez de um amor/Por isso não basta ter samba no pé/Não basta pandeiro e violão/Para um samba se criar/É preciso poesia/Para o samba registrar/Papel e caneta na mão/Caneta mão.”


Assim responde Valtinho Pianista, alcunha que lhe fora dada por conta dos dedos longos, embora tocasse violão e cavaquinho. A polêmica surgira há uma semana, quando a turma estava reunida em mais uma sexta-feira no boteco do Praxedes, oficialmente chamado Chopperia e Lancheteria São Jorge, na verdade um pé sujo melhorado em São João de Meriti, Baixada Fluminense.


Depois das tradicionais conversas sobre futebol, política local e notícias da TV, Paulinho Simpatia sacou um pandeiro, deu três toques de introdução e mandou a proposta irrecusável: aí galera, vamos fazer um samba novo. No que foi seguido por Ambrósio Boca de Cachaça, mais conhecido como Boca: Puxa o refrão, parceiro, que a gente emenda. Pena que não trouxe o violão, tá com uma corda arrebentada – disse Jupiassu, o mais velho da galera. Não tem caô, vamos fazer só no ritmo, a melodia na voz, depois a gente trabalha a harmonia.


Todos concordaram com a fala do Grandão de Meriti, três vezes vencedor do samba enredo da Escola de Samba União do Chaparral e Adjacências. Simpatia puxou: “samba no pé, samba no pé é que nem pra alma a fé, quem tem se salva da morte, quem não tem já leva olé”. Os parceiros batucavam na mesa, um pegou uma caixa de fósforos. Mas cantavam num tom baixo para não incomodar os demais fregueses do botequim. Foram acrescentando versos, imagens que remetiam ao seu dia a dia e outras ao desfile de Carnaval .


Eram conhecidos de todos no bairro. Trabalhadores que ralavam a semana toda e na véspera do sábado se permitiam um momento de lazer e a curtição de criar um samba novo, que quem sabe, poderia concorrer na escola local e levá-los ao tão almejado reconhecimento.


Mas nem tudo era paz e harmonia entre os parceiros. Isso aí ficou ruim pra burro, ô Grandão. Tá me chamando de burro, compadre? Tô não, burro foi teu pai que te criou. Pelo menos eu tive pai. Não precisa ofender. Pessoal é só refazer o verso.


Dinho era o faz tudo do bar. Mas preferia ser chamado de garçon. Dá um certo status, dizia, e faz jus a gorjetas. Falava meio difícil. Diziam que até frequentou faculdade. Mas quando a mãe faleceu foi obrigado a largar os estudos e aceitar o emprego que o Praxedes, seu tio e padrinho lhe ofereceu.


Dez da noite, Seu Praxedes observava a freguesia. Se só estivessem os de sempre e um ou outro casal de namorados ou, pior, algum solitário afogando as mágoas numa cracudinha, esperando para completar a oferta três por R$ 10,00, era certo: ô Dinho, começa a arriar estas portas que tá na hora! Se ao contrário, o movimento estivesse bom, algum grupo comemorando aniversário, petiscos saindo – a cozinheira Lindaura era boa de forno e fogão – ou mesmo uns bebedores mais atrevidos a consumir cervejas puro malte sem perguntar o preço, aí o patrão deixava rolar até uma da manhã. Não mais que isso, que a madrugada é feia e amanhã quem tá de pé e abre a botica sou eu. De fato, abria o bar ao sábados até as 16 horas e, às vezes, até aos domingos.


Mas naquela fatídica sexta feira só restava mesmo a costumeira roda de samba dos amigos. E o relógio na parede atrás do balcão com ponteiros em forma de garfo e faca já marcava dez e trinta. Acabou galera, hora de criança ir pra cama, sentenciou Simpatia. Tá certo, mas alguém tem que anotar a letra, porque amanhã a gente esquece. Papel e caneta. Papel tem aqui. Dinho, garçom, arruma uma caneta aí. Obrigado, meu querido.


Letra anotada, conta paga, vai querer carona? Vou a pé mesmo. Tu que sabe. Té logo. Té logo. E o Dinho: quero parceria no samba. Como é que é?


Tu não fez nada. Fiz sim, sem a caneta não há registro. É o meu direito. A discussão só não firmou porque o Seu Praxedes falou que a querela teria que ficar pra próxima sexta. Tá na hora pessoal. Boa noite e obrigado.


Foi assim que Valdir Oliveira da Silva, o garçom ex-universitário, virou compositor e um dos autores do samba vencedor da Escola campeã do Carnaval de 2024.



 

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