Sorte é um negócio que dá muito trabalho
É muito fácil ser engenheiro de obra pronta.
Dizer o que deveria ter sido feito ou que sabia desde o início que aquilo ia acontecer é fácil, mas na verdade são poucas as pessoas que realmente estão do nosso lado e acreditam que vamos alcançar nossos objetivos a ponto de poderem celebrar com a gente os sucessos.
Muitas vezes nem mesmo a gente acredita, e pra falar a verdade acho que é normal em algum momento perder o foco, mas a fé jamais.
Não quero aqui trazer a reflexão para o lado religioso, até porque eu nem sou referência religiosa, e olha que fui criado em um lar onde a fé era diariamente manifestada pela minha mãe, uma mulher que muitas vezes me disse, mesmo depois de adulto, que eu devia me aproximar de Deus.
Eu me considero próximo Dele, sempre acreditei que deveria ser assim, mas nunca fui próximo das instituições que pregam em Seu nome por motivos óbvios para mim, mas que prefiro não entrar em detalhes.
Quem sou eu para julgar a fé das pessoas?
Então todos os dias eu agradeço, pois tenho plena consciência que consegui muito mais do que um dia imaginei, ou talvez até que eu merecesse, e não estou falando de dinheiro, estou falando de realizações.
Engraçado como mesmo nos momentos mais difíceis eu sempre tive certeza de que nada é por acaso, mesmo nas coisas que deixei de fazer, e hoje quando faço uma retrospectiva consigo ver claramente que na maioria das vezes tomei a melhor decisão.
Às vezes eu acho que somos muito exigentes com a gente. Tudo bem se você não conseguir alcançar coisas com que sonha, ou ainda resultados melhores do que tem obtido, mas aprendi que valorizar o que temos, o que conseguimos, talvez seja muito mais importante do que lamentar o que não temos ou não conseguimos.
Tudo ao seu tempo.
Mas não seja inocente a ponto de achar que quando digo isso estou sendo aquele ser humano passivo que coloca tudo na conta do Criador e se conforma com tudo, mesmo quando a vida te dá uma rasteira.
Sou ativo nas minhas decisões, não aceito, fico bravo, brigo com Ele, afinal é uma relação de pai e filho, a gente briga, mas depois tudo volta ao normal, pois quem acredita sabe que nem tudo que acontece é de nosso entendimento, pelo menos a priori.
Acho que saber lidar com isso é uma maneira de começar a entender, na verdade a se entender a ponto de buscar resultados e não ficar esperando eles caírem do céu, pois ao contrário do ditado que diz “quem acredita sempre alcança” na minha modesta opinião “quem acredita - e fica esperando - sempre cansa”.
Sou fruto de uma família como outra qualquer, com problemas, com vitórias, desentendimentos, mas que proporcionou a mim e ao meu irmão valores que fizeram de nós homens capazes de passar para os nossos filhos o quanto vale a pena e é importante ser honesto, ter palavra, não querer aquilo que não lhe pertence, não passar a perna nos outros, e muitos outros valores que certamente me fariam ficar escrevendo aqui por horas.
Não sou melhor do que ninguém, não sou santo, nem o dono da verdade, já errei, acertei, mas tenho plena consciência do meu papel nessa vida, e mesmo a essa altura do campeonato continuo firme em meus propósitos, trabalhando duro e buscando ser referência, assim como meus pais foram para mim, para que a geração que veio depois de mim entenda que nada cai do céu, nada vem fácil, que tudo demanda esforço.
O que te impede de conseguir? Você é pobre? É da periferia? Nasceu em uma família com problemas?
Deixa eu te falar uma coisa, todas as famílias têm algum tipo de problema, e ser pobre não é desculpa, tampouco deve servir de justificativa, afinal são tantos os exemplos de pessoas que vieram de baixo e conseguiram realizar seus sonhos, muitas vezes chegaram até além do que poderiam imaginar.
Sim acredito que a sorte existe, mas para mim é uma exceção e não uma regra.
Se vocês me perguntarem se me encaixo nessa descrição certamente vou dizer que sim.
De adolescente sem perspectivas, que não parava em nenhum trabalho a professor universitário, com experiência docente fora do país, artigos publicados em revistas no Brasil e no exterior, livros publicados e com um monte de pessoas que ajudei e que me ajudaram (essa troca é mais do que necessária), demorou um bom tempo.
Não foi um caminho fácil, muitas decepções, choros, vontade de desistir, mas como eu disse anteriormente, tudo ao seu tempo.
E aí alguém chega e diz: “Cara você teve sorte hein...”
Não meu parceiro, eu trabalhei (e ainda trabalho) duro pra caramba, todos os dias, todos os minutos, então não vem agora me dizer que sabia desde o início, nem que o mundo foi benevolente comigo ou que eu tive sorte, porque na real meu parceiro, sorte é um negócio que dá muito trabalho.
Paulo Eduardo Ribeiro, do Canal Ponte Aérea, para CRIATIVOS!
Que sorte ter tanta coisa legal na internet!
Rock!
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