STEFAN ZWEIG E A VISÃO DA REALIDADE
O grande escritor de best sellers, Stefan Zweig, foi também um notável crítico literário. Três ensaios de sua autoria sobre o Romance no século XIX são particularmente importantes, os que tratam de Honoré de Balzac, Charles Dickens e Fiódor Dostoiévsky.
Segundo ele, estes três autores são os únicos escritores do século XIX que merecem verdadeiramente o título de "Romancistas", porque as suas obras compreendem uma visão global das sociedades, uma abordagem onde todos os personagens e seu contexto são representados através de suas milhares de ligações com todos os aspectos da vida. Os outros, e dentre eles sabemos que existem grandes escritores, são, para Zweig, grandes "autores de romances". Para ele, a denominação "romancista" é diferente e vai um pouco além.
Não devemos estranhar tal colocação, justificada por Zweig no livro que reúne esses três artigos com abundantes exemplos de alta pertinência. Balzac seria o verdadeiro descritor da sociedade em que vivia. Uma sociedade em que o ideal napoleônico, um herói que transborda o entusiasmo das fronteiras da França por toda a Europa e sonha um domínio global na forma de um país continental amparado nos direitos do homem estabelecidos na Revolução Francesa seria o seu ideal. Napoleão, porém, se deixou levar por conveniências próprias e acabou nomeando irmãos e cunhados reis de países sob seu domínio de então Itália, Holanda, Espanha, deixando-se, enfim, seduzir pelos aspectos mais discricionários de um governo autoritário - em tudo diferentes dos ideais e das importantíssimas contribuições da revolução, como seu Código Civil, o respeito às minorias, aos direitos humanos, à igualdade entre homem e mulher e tantos outros.
Já Charles Dickens, que mereceu e merece, desde então, uma grande admiração por descrever em seus romances a vida como ela era na Inglaterra, transparecendo através de uma visão algo cândida a enorme hipocrisia daquela sociedade e, ao mesmo tempo, os seus ideais pequeno burgueses, é o segundo tipo de romancista que Zweig louva. Para ele, ninguém jamais teria atingido tamanha afinidade entre a percepção da sua genialidade na época em que vivia, sendo venerado na Inglaterra como aquele que melhor descrevia o s seus sentimentos .
Na realidade, tal admiração veio de todo o mundo que teve acesso à sua obra, incluindo os Estados Unidos. Ainda hoje é um autor extremamente cultivado. Seus heróis são pessoas comuns da sociedade, com pequenos ideais: ter uma casa, um jardim, um círculo de amizades, algo que a Inglaterra vitoriana, onde Dickens viveu, procurou celebrar internamente - enquanto impunha ao resto do mundo que estava sob seu domínio, regimes autoritários e não respeitadores de direitos humanos, como se viu na Índia, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia e outros.
O terceiro romancista - e, quanto a este, eu creio que há uma unanimidade até hoje - é Dostoiévski, um autor onde seus personagens encontram o mundo e este os é revelado na face de seus interlocutores por meio de um processo de descobrimento mútuo, do verdadeiro eu do personagem e das diferentes personalidade que os diferentes contextos representam: nobres, operários, trabalhadores, burocratas, agentes do governo, militares, críticos, prostitutas, mulheres da sociedade, jovens, velhos, príncipes, enfim toda a diversidade que ele pode observar e, eu diria, como ninguém identificar traços de caráter.
A leitura deste magnífico livro de Zweig é uma aula de psicologia e filosofia da mais alta qualidade e nos permite abordar a obra desses três autores como uma grande lição de vida. Todos que trabalham nas empresas, no comércio, na indústria, no governo, toda pessoa enfim, deveria se debruçar sobre a obra de tais romancistas, pois a literatura traz em sua riqueza toda a descrição das emoções que norteiam as atitudes humanas e, com isso, nos permite conviver melhor com nossos semelhantes ou, para os mais pretensiosos, mudá-los no sentido de terem ambições maiores e mais dignas para suas vidas.
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