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Foto do escritorLais Amaral Jr

São tempos de Coringa, não de Batman



 

         Há 57 anos era executado na Bolívia, o guerrilheiro revolucionário, Ernesto ‘Che’ Guevara. Era o ano de 1967, naquela década, que foi uma espécie de rascunho do mundo que viria acontecer por muitas décadas a seguir. Beatles, com Peny Lane e outras e outras escancarando nas Rádios, pau a pau com Roberto Carlos e a turma da Jovem Guarda. A nova MPB também começava ganhar espaço a todo vapor. Foi o ano daquela memorável e fantástica edição do festival de música da TV Record. E tome Edu Lobo, Gil, Caetano, Gal, Elis, Chico, MPB-4, Vandré e por aí vai. A ditadura militar entrava em seu terceiro ano e nesse campo, as coisas ainda iriam piorar no ano seguinte.

 

         Em 1967 eu tinha 13 anos. Duas coisas me marcaram profundamente naquele ano. Uma foi o já citado Festival da Record, cuja plateia acesa e alguns compositores atentos, pareciam acenar para algo de ruim que rolava no país. Minha família de classe média baixa, não era politizada e morávamos na Baixada Fluminense, aonde o mundo real que se opunha ao regime de exceção, custava mais a chegar. O outro destaque foi assistir no Maracanã, num domingo meio chuvoso, o Botafogo ser campeão carioca: 2 a 1 sobre o Bangu. (E o Bangu era um timaço. No ano anterior fora campeão ao enfiar 3 x 0 no Flamengo e, só não foi de mais porque Almir, percebendo uma goleada histórica, acabou com o jogo iniciando uma das maiores brigas do nosso esporte. O juiz expulsou tanta gente que o jogo teve que ser encerrado).

        

         Hoje, olhando à distância aqueles anos ligeiros e frenéticos, tendo a imaginar o quanto eu teria percebido da vida que corria por aquela década se eu não fosse um adolescente desinformado, morando na periferia da periferia. O título do Botafogo para um menino de 13 aos, foi importante. A força da MPB vinda dos festivais, mais ainda. Destaque para Chico e Vandré, - Roda Viva e Disparada (em 66) que me pareceram mais agudos. As vaias em Sabiá (Chico e Tom) no festival da Globo em 1968 me incomodaram, mas esse sentimento foi atropelado pela forte sacudida que levei ao ver o Maracanãzinho cantando com força "Pra não dizer que não falei das flores". Foi de arrepiar. O recado estava dado.  

 

E Che Guevara, que morrera pouco mais de dois meses antes do título do Glorioso, só apareceu com mais nitidez para mim quando eu já beirava os 18 anos. Em 1968 Caetano Veloso reverberava a deliciosa 'Soy Loco por ti América', de Gil e Capinam, que eu adorava e somente dois pares de anos depois fui entender que fora inspirada no heroico guerrilheiro. Claro que Che foi admirado por muitas gerações. E continua inspirando comportamentos de quem busca na utopia o sentido principal de existir.


    Embora usasse um instrumento diferente das guitarras elétricas, ele acabou mais ou menos equiparado aos astros pop, ícones da contracultura e coisa e tal. A célebre foto de Alberto Korda numa solenidade pelos mortos num atentado em Havana, é a mais reproduzida de todos os tempos e colaborou para a consolidação do mito do heroico guerrilheiro no imaginário

de muita gente. Um amigo mais velho costumava dizer que seus ídolos eram, não necessariamente nesta ordem: Jim Morrison, Bob Dylan, John Lennon e Che Guevara.


E aquele rosto sério mirando o infinito ainda pode ser visto em bandeiras de torcidas de times de futebol, em camisetas, quadros, etc, etc, etc. 


          Quando assisti, já no século XXI aquela beleza de filme Diários de Motocicleta, do Walter Salles, minha simpatia e admiração pelo argentino se consolidaram definitivamente. Ainda antes de concluir a faculdade de medicina, se jogou pelo continente na busca da cura real dos menos assistidos. Mais tarde, já um doutor e revolucionário vitorioso em Cuba, Ernesto Guevara abandonou a cadeira de ministro para correr atrás do sonho de uma sociedade mais justa, espalhando a força do sonho por outros continentes. Até acabar fuzilado, na Bolívia, onde fora ajudar na guerrilha revolucionária local. Poucos correriam esse risco. Mas os mitos teimam em continuar vivos, não é mesmo? E sem perder a ternura jamais.

                 

Dedico esse texto a um jovem de 22 aos, que domingo passado me falou com certo orgulho que torcia para esse tal Pablo Marçal ganhar a eleição em São Paulo. É... os heróis das gerações atuais estão bem mudados.


 

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