Tem roda de samba raíz no Palmares em Volta Redonda
Domingo passado eu fui conhecer um celeiro de bambas que já conhecia de ouvir falar, e de ouvir falar muito bem, por sinal. O Clube Palmares, em Volta Redonda. Que sem um exagero de interpretação, tem algum parentesco com o grande quilombo lá da Serra da Barriga.
O Palmares foi fundado em 1965 com o objetivo de contribuir para a elevação cultural do negro e da cultura afro-brasileira. De lá pra cá, atividades variadas, voltadas a esse propósito vem acontecendo no clube. Arte e cultura caminhando com as mesmas pernas políticas.
A criação do clube foi a reação de um segmento fundamental na estrutura social brasileira, que historicamente é relegado a uma condição subalterna. Não me parece coincidência ter sido criado no ano seguinte ao golpe de 64. Também não foi por acaso que importantes lideranças, perseguidas pela ditadura militar se “exilaram” no clube, como por exemplo, o escritor, ator, professor universitário, intelectual e ativista dos direitos humanos, Abdias Nascimento.
Em 2016 o Palmares tornou-se um Ponto de Cultura, por iniciativa da Secretaria Estadual do setor, aquela bolação do Ministério da Cultura quando estiveram por lá Gilberto Gil, Juca Ferreira e outros renomados. Hoje, além das inúmeras atividades o clube tem também a sua rádio web, a Radiopalmaresvr.CF.
Motivos não faltavam para eu conhecer o clube. Meu amigo Ricardo ‘Ferrugem’ Paiva, que atualmente é morador de Barra Mansa e frequentador de uma roda de samba que rola no clube aos domingos, resolveu comemorar seu aniversario, dia 2 de abril, no local. Levou um feijão-tropeiro e chamou os amigos. Eu, um deles. O pessoal do clube não se opôs à comemoração e mais que isso, a roda cantou o “parabéns” pro Ricardo, na levada do Samba.
E a roda de samba que vai das 11 horas às 15 horas é realmente de se lambuzar. Totalmente acústica, num amplo e arborizado quintal, que inclui um majestoso Flamboiã. Perguntei ao Julinho do Palmares, que é um tremendo compositor, se ele não faria uma canção para o Flamboiã, como já exaltaram as tamarineiras e as caramboleiras, e ele respondeu que compôs sim, um samba para aquele monumento botânico. Árvore linda.
O Julinho é um mestre, já fez um CD com canções para as crianças, que costumam ser utilizadas junto à rede pública de ensino no município. Mas além dele, toda a diretoria do Palmares bate o ponto nas manhãs de domingo naquela roda de samba. Isaac, Ronaldo Furtado, Edson Daniel, o Mistér e dezenas de outros da melhor qualidade. E o samba flui bonito, sem microfonias, no gogó, muitos cavacos, violões, percussão precisa e um tremendo alto astral. Fiquei encantado com a harmonia daquela turma. Um dos craques do tantã, o Diclei me passou duas lixas d’água pra eu ajudar na percussão. Virei lixeiro. Que beleza. Vou voltar. Quem conhece essa roda de samba raiz (não resisti, pessoal) volta. Quem for a Volta Redonda num domingo, pergunte pelo Palmares. É só chegar.
“Não, ninguém faz samba só porque prefere Força nenhuma no mundo interfere Sobre o poder da criação
Não, não precisa se estar nem feliz nem aflito Nem se refugiar em lugar mais bonito Em busca da inspiração
Não, ela é uma luz que chega de repente Com a rapidez de uma estrela cadente Que acende a mente e o coração
É faz pensar que existe uma força Maior que nos guia, que está no ar Bem no meio da noite ou no claro do dia Chega a nos angustiar
E o poeta se deixa levar por essa magia E o verso vem vindo e vem vindo uma melodia E o povo começa a cantar Lá-la-iá” (Poder da Criação-João Nogueira/Paulo César Pinheiro)
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