Tempo de vida e tempo de trabalho ( ou tempo na vida de trabalho ). E você com isso?
Se o título chamou sua atenção e você quer saber o que está por vir, vamos combinar o seguinte: já há algum tempo este não se divide mais. É tudo ao mesmo tempo agora. Assim que vamos acrescentar um acento ao “e”, e passar a chamar esse texto de tempo de vida é tempo de trabalho. E aí podemos abandonar os parênteses e dialogar sobre o que temos com isso.
Se não, vejamos: estamos on-line 24h, se não consciente, agindo via tecnologia, inconscientemente, deixando nossos rastros eletrônicos big data afora. A lógica do empreendedorismo como sinônimo de liberdade e solução para todos os problemas estruturais ligados ao trabalho, à geração de renda e algum bem-estar nos faz não imaginar um horizonte sem trabalho. Não porque somos cada vez mais ativos e por mais tempo, mas porque aposentado/a/e ficava o seu antepassado. A gente tem essa tal liberdade.
Essa mesma, que nos transforma em servos de múltiplos senhores. Estes podem ser chamados de clientes, parceiros, investidores, financiadores, aplicativos (...), algoritmos que nos incitam a agir em um padrão A, B ou C, para termos relevância nas redes das quais dependemos para trabalhar nossas imagens de marca pessoal. Somos empresários de nós mesmos. Temos liberdade para sermos quem quisermos. Desde que sejamos brancos e vistamos rosa se mulheres, ou azul se homens, porque mais do que isso tem demônio, comunista, interesse financeiro, mimimi ou hipocrisia mesmo no meio. Não confundamos nossas bolhas com o mundo lá fora.
Concordemos ou não, há muito o que se discutir, especialmente se pensarmos as urgências que se fizeram presentes no último ano, e é aí que entra o motivo desse prólogo para o que era para ser o eixo central desse texto: como esses elementos nos empurram para ações que parecem decisões, mas são só falta de escolha mesmo.
Ora, se não temos mais no horizonte tanta certeza assim de que, depois de trabalhar, vamos passar um período aposentados e poderemos fazer o que gostamos, nos resta tentar um #divirtasetrabalhedivirtase por agora. Com o perdão dos teóricos pela simplificação extrema de uma teia extremamente complexa (e porque não dizer perversa), eis que me vi nesse caminho. Não sem antes me perder entre aspirações de sucesso, idolatria à agenda sem espaço e um custo de vida inviável no médio prazo sem, pelo menos, doses cavalares de ansiolíticos (aos quais me orgulho de ainda resistir).
E, assim, chegamos à decisão de reverter o antropoceno no meu quadrado, aproveitando a idade ainda infantil dos filhos e a não resistência à saída do Rio de Janeiro no início da decadência que hoje assola a Cidade Maravilhosa, apesar de todos os vocês que nos levam a cantar que, amanhã, há de ser outro dia (eita amanhã distante!). Vim parar na Casa da Montanha, aldeia na qual já alternava fins de semana de descompressão com o corre da cidade, no alto de um vale na Região Serrana estado, longe de tudo e de todos, pré pandemia. Louca-jogando-a-carreira-fora resume o que ouvia.
A partir daí, a decisão de fazer com que o trabalho que lutasse para se encaixar na minha vida foi tomada — também conhecida como você que lute para dar conta das escolhas. Adeus carreira executiva, porque, nos idos de 2017-18, a chamada hora-bunda era um item inegociável nos contratos de trabalho. No meio desse processo, cirurgias e um câncer na família levaram a rescisão que sustentaria a transição de carreira e aí foi eita atrás de afe. Foi não, minha gente, está sendo.
A questão é que os eitas e afes não se tangibilizam só em boleto, mas em maturidade. Isto porque falo de um lugar de extremo privilégio de uma mulher branca não-periférica que, claro, sofre com machismo e misoginia, mas tem ensino superior, pós-graduação lato e está prestes a marcar um check na stricto sensu. Por mais que isso não valha absolutamente nada no status quo de bosta que temos para o momento, alimenta o anti-status, a resistência de quem vai viver e trabalhar muito para ver essa gente horrorosa responsabilizada, nem que seja em alguma medida.
Assim, vamos chegando ao fim dessa história, que resume a luta para viabilizar uma vida de paixão pela comunicação, entre aulas, pesquisas, iniciativas voluntárias pela educação e capacitação, consultorias e mentorias para permitir a vida no mundo do acesso pelo dinheiro. Em comum, todos os fragmentos regidos pela natureza, a mesma da qual eu faço parte. Pé no chão, bicho no mato, dia que a gente sabe onde acorda e onde dorme porque vê nascer o sol e a lua, e sabe se o seguinte será de sol ou não porque tem estrela no céu e a gente enxerga, comida que a gente colhe, lava, descasca e faz, chuva que vê chegar depois do vento e se delicia com o cheio de terra molhada. E, claro, uma pitada de tecnologia, porque, como dizem os filhos, internet é vida.
Nessa reconexão, o trabalho ganhou novas referências. Olho para a natureza e está tudo ali. Equilíbrio, que não necessariamente é linear e sem resistências. Harmonia, conquistada com embates, debates e alguma troca e mescla. Negociações entre diferentes que, ao fim, eliminam um dos lados ou permitem a existência mútua. Tudo isso inspira pensar a vida e a comunicação em novas possibilidades, em perspectivas plurais, necessárias após o decreto de falência das nossas práticas disfarçadas de inovadoras e disruptivas.
Tempo de vida é tempo de trabalho por aqui também. A diferença, agora, é que, quando olho para o lado, é a chefia real que vejo. A natureza, feminina. E a tecnologia, esse remendo que me permite fazer o que amo daqui de cima da montanha, também se submete. Afinal, na lógica da esteira de inovação que cria dependência, nada como uma “chuva com raio” para nos mostrar direitinho quem somos quando acaba a luz e restamos a natureza e os desafios de nos comunicarmos com nós mesmos e com o outro.
Cecília Seabra é jornalista, mentora, consultora, professora e pesquisadora em comunicação, com experiência de 21 anos acumulada em agências e gestão de imagem e reputação de marcas líderes nos seus segmentos, tendo atuado com projetos e equipes de uma centena de organizações públicas, privadas e do terceiro setor.
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