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Foto do escritorLéo Viana

TRANSTORNOS




O orientador do programa de psiquiatria insistiu muito antes de conseguir convencer a equipe a reunir pacientes diversos, com fobias e transtornos psíquicos variados, para o início de uma pesquisa destinada ao aprofundamento da compreensão do cérebro humano.

Cuidados básicos foram tomados, desde a escolha do local da reunião, providência fundamental.


Pessoas com acrofobia não topariam reunião nos andares superiores do edifício, assim como os claustrofóbicos não participariam de uma reunião em local fechado, sem falar que não entrariam, claro, em um eventual elevador pra chegar. Haveria médico à disposição para os casos mais graves de hipocondria e a disposição dos convidados na sala obedeceria a critérios geometricamente calculados nos detalhes, a fim de não incomodar quem tivesse TOC. O tamanho do grupo foi pensado em função dos demofóbicos, que detestam e temem as multidões. A maioria dos agorafóbicos nem confirmou a participação, por temer qualquer risco na hora da saída. Ou da entrada. Ou durante, enfim.


Quase esqueceram dos ornitofóbicos! Um passarinho que aparecesse poderia comprometer todo o esforço empregado. E os pombos não vinham dando sossego. A "produção" estava se complicando, mas o empenho se justificava.

A roupa da equipe foi cuidadosamente desenhada para não se assemelhar àquela da rotina do hospital. Havia uma grande expectativa sobre a vinda de três ou quatro latrofóbicos, que nem poderiam imaginar que se tratasse de algo relacionado à médicos. Os glossofóbicos não seriam chamados a falar para o grupo, seu maior temor. Isso, claro, se houvesse grupo. Demofóbicos, agorafóbicos...


Talvez o maior problema envolvesse os mitômanos. Eles não contariam a verdade sobre o que interessava aos pesquisadores. Não estava claro ainda se seria mais complicado entender os que mentem com mania de grandeza, tipos mais comuns, que geralmente atribuem a si mesmos mais qualidades que o razoável, ou se aqueles que apelam para a excessiva autopiedade, eliminando quaisquer virtudes ou méritos e se autointitulando, paradoxalmente, “os mais humildes do mundo”, numa mania de grandeza reversa.


Os preparativos estavam a todo vapor, havia fobias e transtornos relacionados à comida, que obrigava a que se evitassem animais inteiros ou partes identificáveis, bem como de frutas e verduras capazes de causar algum tipo de reação psíquica radical. Nada, mesmo na salada, que se assemelhasse a pequenos animais, objetos compridos, formas geométricas irregulares. Comidas de uma só cor para quem exigisse, ou de duas, três, conforme a demanda. Piso monocromático, para evitar o efeito “Melhor Impossível”, aquele do Jack Nicholson pulando os ladrilhos pretos. Ou brancos.


O impasse aconteceu quando o psiquiatra responsável pelos cleptomaníacos entrou na sala e disse que a maioria dos seus pacientes acumulava a mitomania ou, para ser mais claro, além de roubar, mentia. Seria difícil manter a unidade do grupo com alguns doentes eventualmente subtraindo objetos pessoais, remédios, equipamentos, enfim, o necessário para o bom andamento da atividade de pesquisa e, de quebra, atribuindo a culpa aos demais transtornados.


O ambiente ficou tenso, a equipe não se entendia. A continuidade da pesquisa era importante e a possibilidade de publicação na Science e na Nature era real. Gente de Oxford, Harvard, Stanford e Cambridge já tinha confirmado participação e procurava se ajustar aos complicados protocolos que visavam à garantia de um ambiente pouco agressivo para os pacientes.


Para complicar um pouco mais, meia dúzia de psiquiatras forenses, responsáveis por psicopatas da maior periculosidade, incluindo torturadores, assassinos profissionais e milicianos cariocas, propôs incluí-los no estudo, o que demandaria forte esquema de segurança e não constava do anteprojeto apresentado às agências financiadoras da pesquisa.


Neste ponto, alguém levantou, despretensiosamente, a possibilidade de fundir alguns transtornos para minimizar os custos, visto que a contemplação de todos os tipos implicaria em despesas muito superiores à capacidade de financiamento da ciência disponível no momento.


Foi muito difícil chegar a um acordo. Entretanto, nunca se deve duvidar da capacidade de quem trabalha com ciência no Brasil.

- Liguem pro Planalto!!!

- Não entendi. Pra quê? Pedir mais dinheiro?

- Claro que não!! Mas se o Presidente vem com os três filhos mais velhos, metade dos transtornos já tá representado e ainda dá matéria na TV!!


Metade concordou fácil, a outra metade não. Se houve consenso, foi sobre a mitomania! Um acha que sabe escrever, outro acha que é um diplomata preparado, o terceiro se julga capaz de questionar os inquestionáveis absurdos apurados pela CPI da Covid e o pai, ah, o pai se julga capaz de governar o Brasil.


No que se refere à psicopatia violenta, aquela dos psiquiatras forenses, bem, os cientistas já têm uma posição, mas parece que a divulgação dela demanda manifestação da Procuradoria Geral...


Rio de Janeiro, outubro de 2021.


 

Musica Popular, Brasil.



Mulheres do Rio, Música




 

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