Um caso de aggiornamento de cidade brasileira
O último censo demográfico mostrou que sete das dez mais populosas cidades brasileiras perderam população no último decênio. O planejamento urbano tem que mudar seu foco da expansão para a humanização das cidades e ampliação do seu potencial econômico.
Como exemplo, falarei de Petrópolis, uma cidade com uma rica história e um papel único no contexto brasileiro. Nas últimas décadas, consolidou-se como um importante pólo residencial e de serviços devido ao seu clima ameno, da proximidade ao Rio de Janeiro e segurança pública. Essa combinação torna Petrópolis um destino procurado por turistas, veranistas e frequentadores de fim de semana, reforçando sua vocação como cidade de serviços.
Além de seus atrativos naturais e culturais, a cidade carrega um legado histórico singular. Petrópolis foi, durante grande parte do Império Brasileiro, a residência de verão da corte imperial. Por aproximadamente sete meses do ano, Petrópolis era, na prática, a capital do Brasil, recebendo o imperador, sua corte e diversas legações diplomáticas que ali também mantinham residências.
Esse período conferiu à cidade um status especial e moldou seu desenvolvimento urbano e arquitetônico. A presença da corte impulsionou a construção de palacetes, praças e jardins que ainda hoje encantam os visitantes. Apesar do fim do Império em 1889, a relação de Petrópolis com o poder central do país continuou. O Palácio Rio Negro, por exemplo, foi transformado em residência de verão para os presidentes da República que lá veraneiam até 1960. Visando oferecer condições de vida nos meses ao longo do ano, uma intensa atividade fabril também se desenvolveu na cidade neste período.
Essa continuidade contribuiu para preservar a relevância política e social de Petrópolis ao longo do tempo. Entretanto, com a transferência da capital federal do Rio de Janeiro para Brasília em 1960, houve uma mudança no papel estratégico da cidade, que precisou se reinventar. A dependência econômica das atividades ligadas ao poder central deu lugar à diversificação baseada no turismo, na prestação de serviços e no comércio.
Hoje, a situação demográfica apontada indica que novas soluções devem ser buscadas para os problemas contemporâneos. O peso das atividades urbanas do Rio de Janeiro, aliado às mudanças nos padrões econômicos e turísticos, impõe à cidade a necessidade de se reposicionar.
A valorização de sua história imperial, não é suficiente para sustentar a intensidade e diversidade das ocupações que a cidade passou a enfrentar e neste artigo apontamos alguns vetores para incrementar seu reposicionamento para o século XXI. O primeiro é um intenso programa de retirada de moradias em áreas de risco e inundação, conjugado a iniciativas que proporcionem infraestrutura e condições habitacionais dignas.
O segundo é valorizar a vida na serra no século anterior à fundação da cidade. Temos três testemunhos históricos/arquitetônicos que poderiam mostrar bem este aspecto. São eles: a Fazenda Santo Antônio, a casa do Padre Corrêa e a Fazenda Samambaia. Essas casas ligadas aos antigos sesmeiros Manuel Goulão e seu genro Manuel Corrêa que cem anos antes da fundação da cidade aqui habitavam, constituíram o núcleo populacional, comercial e produtivo que veio a dar origem à cidade de Petrópolis.
A casa do Padre Corrêa, por exemplo, poderia ser transformada em um Museu que destacasse seu papel logístico no século XIX.
O terceiro vetor de interesse seria a revitalização de Corrêas como um importante centro médico de expressão regional, resgatando seu papel histórico. No passado, a região abrigou até dez sanatórios, incluindo o hospital Alcides Carneiro e o sanatório Oswaldo Cruz.Propomos a criação de um grande parque voltado para idosos e jovens, com foco em práticas esportivas e reabilitação. Este projeto poderia ser implantado com custo reduzido nos antigos terrenos da Montreal.
O quarto vetor de interesse seria transformar Petrópolis em um centro universitário de excelência. Esse objetivo poderia ser alcançado através do fortalecimento e funcionamento em rede das instalações acadêmicas já existentes, complementadas pela criação de museus e centros de pesquisa dedicados a áreas estratégicas como têxtil, metalurgia, química e ótica.
O quinto vetor seria o replanejamento funcional de praças e logradouros públicos, utilizando parcerias público-privadas como estratégia de viabilização.
Esse tipo de iniciativa é especialmente necessária em locais como a Praça de Nogueira, a Praça de Corrêas, a Praça de Cascatinha e o centro do Vale das Videiras, entre outros espaços ao longo do território urbano que apresentam grande potencial de revitalização e uso comunitário.
Além de se transformarem em núcleos de disseminação de uma cultura de sustentabilidade e proteção ambiental. Em suma, seja em Petrópolis ou em qualquer outra cidade de porte brasileira, não dá para se administrar apenas com olhos no passado.
O nosso povo merece usufruir dos benefícios que o progresso e a cultura podem trazer para todos.
A força da arte, cultura e economia criativa nos municípios do Brasil
A arte, a cultura e a economia criativa possuem um potencial transformador nos municípios do Brasil, que precisa ser fomentado de forma transversal e inclusiva. A realização de eventos e festivais que unam diferentes expressões artísticas — como música, cinema, artesanato, teatro, gastronomia, dança, literatura e exposições — é uma estratégia poderosa para estimular a economia local e fortalecer as identidades culturais. Contudo, é fundamental evitar uma abordagem "neo-colonizadora", em que metrópoles maiores imponham conteúdos a cidades menores. O ideal é fortalecer os polos locais, promover intercâmbios entre municípios e grandes centros e valorizar a riqueza cultural intrínseca de cada região.
Essa transversalidade é essencial porque quem aprecia um bom filme muitas vezes também gosta de música, literatura, teatro ou dança. Porém, a triste realidade é que grande parte dos municípios brasileiros carece de equipamentos culturais adequados, o que limita o acesso a essas manifestações.
Reconhecendo essa lacuna, a Cedro Rosa Digital, em parceria com a Artifício Cinematográfico, liderada por Luiz Guimarães Castro, está organizando a mostra de cinema O Samba Está Aqui. Esse evento celebra o samba com temáticas carnavalescas e acontecerá em fevereiro em cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia, com o circuito ainda em definição. A mostra é um exemplo claro de como a cultura pode conectar territórios, levando entretenimento de qualidade e promovendo reflexões sobre o patrimônio imaterial brasileiro.
Além da mostra, a Cedro Rosa está envolvida em importantes produções cinematográficas, como a minissérie História da Música Brasileira na Era das Gravações e o aguardado filme +40 Anos do Clube do Samba, uma coprodução com a TV Cultura de São Paulo, que evidencia a riqueza da música popular brasileira. Essas iniciativas não só celebram o legado cultural do país, mas também geram centenas de empregos em diversos setores, desde técnicos de som até roteiristas e produtores.
Outro pilar do trabalho da Cedro Rosa é seu sistema de certificação e distribuição internacional de obras e gravações musicais. Em parceria com instituições como ASCAP, SACEM e ECAD, a Cedro Rosa utiliza tecnologias como blockchain e inteligência artificial para garantir que compositores, intérpretes e produtores recebam seus direitos autorais de forma justa e transparente.
A plataforma Certifica Som, atualmente em desenvolvimento, será um marco nesse processo, oferecendo dados precisos sobre músicas e suas respectivas fichas técnicas.
A Cedro Rosa também é responsável pelo portal CRIATIVOS!, uma publicação diária sobre cultura e economia criativa, que está no ar há quatro anos. O portal reúne artistas, intelectuais, juristas, cineastas, jornalistas e outros colaboradores de renome, funcionando como uma poderosa ferramenta de integração, divulgação e fomento da economia criativa no Brasil. Essa iniciativa destaca temas relevantes, estimula debates e promove conexões que fortalecem o setor cultural.
A economia criativa é um motor fundamental para o desenvolvimento econômico e social. Em um país como o Brasil, com uma diversidade cultural incomparável, investir em cultura significa criar empregos, aumentar a renda, atrair turistas e, ainda, fortalecer a imagem do país no exterior.
Projetos como os da Cedro Rosa e iniciativas como o portal CRIATIVOS! não apenas consolidam o potencial do setor, mas também ampliam sua capacidade de gerar divisas e inclusão social, promovendo um Brasil mais criativo, inovador e conectado.
Para mais informações sobre os projetos e o trabalho da Cedro Rosa, acesse o site oficial: https://cedrorosamusica.online.
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