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Foto do escritorCarlos Janan

Um elefante na varanda



Nesses tempos de observação do mundo através do facebook não posso deixar de aplaudir a bonita relação de algumas pessoas com seus companheiros do maravilhoso mundo animal.


Sentado na minha varanda, recebo a infalível visita matinal de um beija-flor que todas as manhãs vem dar o "confere" aqui em casa.


Desvio momentaneamente o foco do beija-flor para o copo de café e quando volto a olhar em busca do amigo voador , vejo diante de mim um elefante! Como poderia o gentil "paquiderme" ter entrado aqui em casa?


Se passasse pela portaria certamente o porteiro teria me avisado pelo interfone "Seu Janan está aqui na portaria um elefante procurando pelo senhor. Ele pode subir?"

Logo concluo que o visitante inusitado chegou através de minha memória e das diversas emoções guardadas em suas gavetas.


O ano: 1986 . Estávamos às vésperas de eleições, de um lado Moreira Franco , do outro Darcy Ribeiro. Época em que as eleições corriam de forma diferente, sem marqueteiros ou canais virtuais de comunicação. Em contrapartida, tínhamos que nos virar em idéias, por vezes "mirabolantes " ...E um de nós sugeriu que trouxéssemos um elefante para participar na passeata do saudoso " professor Darcy".


O raciocínio era bem simples : o número de Darcy era "12" e esse número no jogo do bicho corresponde ao elefante, essa relação faria com que ficasse fácil ao eleitor lembrar na hora do voto. Na época eu já tinha uma boa articulação nos setores da cultura , e então fui escolhido "o cara que acharia um elefante disponível ".


Fato impensável nos dias de hoje, consegui trazer o gentil de grandes orelhas , cedido por um circo de São José do Rio Pardo (SP). Desfilamos com "ele" da Candelária até a Cinelândia, onde havia um palco no qual discursava "o Cavaleiro da Esperança, Luis Carlos Prestes". Ao ver-nos , surpreso Prestes termina seu discurso dizendo " ...é 12 , é Darcy, vejam o elefante ". "Cai o pano de fundo". Eram outros tempos da política e do circo.


Dessa época restou para sempre além da sensação de "dever cumprido " , um misto de gratidão e admiração aos artistas do circo Portugal lá de São José, e por tabela aos demais amigos da arte circense.


Hoje o circo mudou, o mundo mudou .Não existem mais os números com animais por razões diversas. Mas o circo já foi não só o grande palco dos nossos sonhos, mas também era o espaço de formação e subsistência de muitos artistas. E porque não dizer de muitas famílias? Famílias compostas de várias outras famílias que vivem do circo e para o circo, mas que hoje contam com o nosso apoio para sobreviver. Contam com o apoio de todos que já sentiram um frio na barriga no salto dos trapezistas, que gargalharam cúmplices da ingenuidade dos palhaços ou que admirados soltavam um "oh" com os truques dos mágicos. À toda essa incomparável família de artistas, deixo aqui minha gratidão do passado e toda minha solidariedade no presente. Impossível não lembrar de vocês e me emocionar, justo quando sem pedir licença, um elefante "pousa" na minha varanda e abre as gavetas da minha memória.



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