Um Outro Mundo
“Vão conversar do Anito?” Perguntei, numa das muitas vezes em que apelei para meu irmão Edgar, tentando compartilhar nosso exilio naquelas horas em que estávamos confinados em nossas camas e ao escuro de nosso quarto para dormir cedo, enquanto nossos pais continuavam ativos noite afora como se não existíssemos. Éramos pequeninos e mamãe permitia que deixássemos a porta entreaberta e um pouco da luz do corredor alcançasse a nossa entrada para que não ficássemos num breu completo. Nossas camas eram idênticas e ficavam ao longo de paredes opostas, mas a pequena distancia entre elas parecia imensa e intransponível naqueles momentos de sufocante obediência a nos deixar vencer na ingloriosa batalha com o sono não desejado.
O tempo parecia enguiçado e nossa submissão escondia medo e revolta. Qualquer barulho no corredor me fazia imaginar um tubarão gigante transpondo o chão que levava `a nossa porta com impulsos desajeitados para vir nos devorar, mesmo que eu soubesse que tubarões só vivem dentro do mar. Mas tanto o medo como a fé dão cabo do limite entre o possível e o impossível por razões irracionais e opostas, o medo nos fazendo acreditar em qualquer fantasia louca contra nós, enquanto a fé nos inspira soluções milagrosas.
Quando algum carro manobrava sob nossa janela, naquela rua que subia e não tinha saída, a luz de seus faróis nadava no nosso teto, projetando acima de nós a vida festiva que prosseguia além dos nossos limites e dando com sua passagem uma visibilidade dançante a alguns pontos da atmosfera opaca que nos oprimia. Seguir aquelas faixas de movimento iluminado nos aliviava como se apontassem para o paraíso por alguns segundos. Nossos olhos e coração se fixavam nelas, e curtindo cada segundo fugidio, brilhante e vivo de sua corrida, caíamos de volta no abismo quando elas desapareciam pelo teto em direção `a rua enquanto o barulho do carro se distanciava até ser engolido pela noite. Às vezes tínhamos sorte e mais de um carro, em ocasiões diferentes, nos davam momentos de luz antes que a noite os apagasse e nos jogasse de volta ao exilio.
“Vão conversar do Aninho!” eu insistia quando meu irmão demorava um pouco a responder e eu temia que já tivesse adormecido.
Aninho era um homem pálido, alto, e de cabelo escovinha, que vivia na parte mais elevada da rua numa casa escondida entre plantas atrás de um portão alto, como que protegida do mundo inteiro. Só nas raras vezes em que o portão se abria para as entradas e saídas do grande carro azul marinho que Aninho dirigia, conseguíamos, se estivéssemos por perto, um vislumbre de sua vida insondável. Nem sua filha loura e alva e nem sua esposa de cabelo vermelho poderia ser vista a não ser naqueles instantes de abertura que também transformavam as coisas mais triviais que deixavam aparecer em revelações. A saia rodada que a filha usava acentuando a cinturinha que tinha, as roupas coloridas na passagem da esposa volumosa, os paralelepípedos em que nosso notavel vizinho manobrava, partes de frases que pudéssemos ouvir da sua família, qualquer coisa que chegasse a nós do universo de Aninho afirmava a emoção do mistério sobre os limites das paredes surdas e mudas do nosso quarto.
Eu e Edgar compartilhávamos os fatos mais triviais que cada um de nós testemunhava envolvendo o vizinho como se fossem códigos de um mundo transcendente, que dava `as pequenas crianças que éramos uma troca superimportante e definitiva sem que precisássemos inventar nada além do que testemunhávamos: tudo que dizia respeito a Aninho era definitivo como um decreto. Contávamos um ao outro o que tínhamos presenciado individualmente e até mesmo compartilhado antes, mas nos dias especiais, quando algum de nós conseguia presenciar algo novo da parte do vizinho, era até emocionante esperar a hora de ir dormir para compartilhar a novidade.
Edgar uma vez teve a sorte de estar no lugar certo para ver o vizinho atuar em uma cena mais longa, algo que pra nós era como notícia de primeira página de jornal. Orgulhoso, meu irmãozinho falou que viu Aninho dirigindo ladeira abaixo e tendo que parar diante de um galho de árvore no meio do seu caminho, e não só teve que sair do carro xingando o obstáculo, mas arrastá-lo para o meio fio, antes de voltar pra dentro do veículo e partir na direção da rua principal. Ouvi o relato de Edgar com atenção maravilhada, visualizando o poderoso vizinho fazendo aqueles movimentos únicos como se fosse o desenrolar de uma parábola na qual ele era o principal personagem. O comportamento de Aninho, como o de um herói bíblico, tinha o poder do destino e sua existência era pura continuidade, ao contrário da nossa, que em breve sentiríamos interrompida pelo sono forçado.
Na minha vez de contar alguma coisa, falei:
“Aprendi o nome da mulher do Aninho!”
“Qual é?” Edgar perguntou, ansioso para ouvir a minha estorinha, embora eu já lhe tivesse participado antes.
“Quando Aninho estava saindo no carro, a mulher gritou pra ele não esquecer de comprar bombril, e ele respondeu “Tá bem Lia!”
Aninho e Lia eram nomes que na certa não ouvimos direito, mas representavam seres que iluminavam a escuridão que nos desintegrava, e não os verdadeiros vizinhos. Nossa conversa sobre eles era o fio salvador que Aninho tecia acima da ameaça do nosso “fim”. Foi Edgar quem primeiro escutou nosso herói ser chamado de Aninho, um nome que nunca tínhamos ouvido antes e nunca mais ouvimos, mas que evocava para nós predestinação na própria rotina, exclusividade na trivialidade. Somente Aninho no dia a dia de sua vida podia nos acessar esperança acima dos lentos momentos em que sofríamos o medo da noite.
Havia outros seres honrados por nós no mundo que repartíamos. Mas eram totalmente inventados por Edgar de nomes que também inventava pra eles, ainda mais estranhos do que Aninho, mas que ganhavam forma em nossa imaginação. Eu visualizava círculos e linhas, densidade e contornos, ar e textura, vazios e volumes, do som de Marfulada, que me fazia pensar numa figura indefinida como feita de macarrão, com uma densidade caótica de massa empilhada em algumas partes alternando com linhas delgadas e flexíveis em outras, enquanto Marfutti evocava pra mim um rosto cujos traços principais eram concentrados numa pequena área, sobre uma extensão esvoaçante, gasosa, e quase abstrata `a sua volta. Mais tarde, soube que meu irmão os via da mesma maneira que eu, mas na época, pouco importava que ele os imaginasse diferentemente, pois o que contava era o pacto de reconhecer a existência deles, especialmente no Jardim Botânico, onde Mamãe nos levava toda semana para brincar.
Enquanto fazíamos buracos e montes na terra fina daquele chão arenoso, Edgar e eu sentíamos a presença de Marfulada e Marfuti nos assistindo. Com suas criaturas, meu irmão deu sentido `a terra que tocávamos, sugerindo com frequência que fizéssemos com ela um bolo para Marfulada, tarefa solene de modelar o chão para um ser fantasmagórico de rosto vago e sem boca visível, porém imperativo e esvoaçante sobre nós no topo de seucorpo esfumaçado e sinuoso que entrava e saia dos aglomerados de bamboo ali perto. Misturando-se com luz e sombras, aquela entidade secreta, que eu nem sabia se gostava ou temia, tinha autoridade suprema dentro da sua forma de nuvem chuvosa, e precisávamos de sua aprovação silenciosa.
Desde cedo, mamãe promoveu parceria entre Edgar e eu. Quando mandou o quadro que pintei de um leão, o qual chamei de “O Leão” para um concurso de arte moderna, perguntou a Edgar o que ele achava que eu tinha pintado para dar ao meu quadro o que ele respondesse como título, mesmo que ele não tivesse mais que quatro anos. Introduziu a pergunta dizendo que “leão” não podia ser título, de acordo com as regras do concurso. Edgar se lembrou de uma criatura do folclore brasileiro que tínhamos visto em um livro de estórias ilustrado para crianças e disse que meu quadro era o de uma mula sem cabeça, embora meu leão tivesse cabeça, rosto, e juba cheia de cachos multicoloridos. Mas aceitei o título com uma certeza secreta e visceral, que senti como uma brisa em meu estomago, de que iria vencer. Saber disso antes que acontecesse foi como ganhar a certeza que esperamos do amor ou da existência de Deus; a sensação de ter sido recompensada por ser quem sou. Com o quadro que fiz e o título que Edgar lhe deu, conquistei o primeiro lugar.
Mas um dia, de um momento pra outro, mamãe nos apresentou uma moça francesa recém-formada da Sorbonne. Era uma prima distante, e querendo ficar uns anos no Rio, precisava de emprego e aceitou “governar” Edgar e eu em troca de casa, comida, e um salário modesto. Ela não dava um pio de português e isso fez mamãe pensar que aprenderíamos a nos comunicar com ela em francês quando menos esperássemos. Mas a francesa era uma intrusa. Sua companhia constante, turva e silenciosa cortou a comunicação entre Edgar e eu e passávamos horas sentados no chão de onde brincávamos sem fazer nada, com ela ali no meio. Incomunicável e imóvel, a moça nos murchava como que nos transformando em balões furados sobre o tedioso sinteco daquele espaço. Devíamos chamá-la pelo difícil nome “Mademoiselle”, que só aumentava sua estranheza e inacessibilidade. Não poder falar nos exilava pro limbo que a Bíblia implica quando diz que “Antes, era a palavra.”
Mademoiselle não nos dava chance de ir para a rua espionar Aninho, e sua presença, supostamente instrutiva, libertou mamãe de ter que nos levar ao Jardim Botânico, na certa pensando que lucrávamos mais naquela espécie de “tête a tête” com a francesa. Afora isso, Mademoiselle decretou mudanças na nossa rotina. Decidiu que devíamos jantar antes de nossos pais para ir dormir ainda mais cedo. Quando jantávamos com eles, saíamos da mesa antes da refeição acabar e íamos para um canto da sala em que havia um móvel cheio de gavetas, repletas com fotografias de toda a família durante décadas, incluindo batismos, casamentos, festas e instantâneos.
Abrir as gavetas emperradas daquele móvel velho era como se liberássemos algum gênio de Aladim que pudesse pular entre passado e futuro daqui pra lá e de lá pra cá ao nos trazer as mesmas pessoas em tamanhos e idades diferentes. Assim como criticávamos as fotos de parentes que não pertencessem `a nossa família imediata, as de papai e mamãe sempre nos maravilhavam. As que mostravam o casamento deles, em que os dois sorriam um para o outro refletindo alegria e amor em seus olhos, nos deleitavam todas as vezes em que olhávamos pra elas e as avaliávamos. Essa avaliação se estendia a todas as fotos dos outros familiares, e o motivo era o concurso de beleza que sempre fazíamos entre elas. O primeiro lugar era sempre destinado `aquela em que papai e mamãe apareciam lindos e glamorosos diante do bolo matrimonial e gigante que estavam prestes a cortar, com a mão de papai romanticamente sobre aquela que mamãe segurava a faca, como se fossem um casal criado por fadas. A que sempre dávamos segundo lugar era uma em que papai aparecia em traje de formatura da faculdade de direito e, sentado numa cadeira que parecia um trono, exibia, num dos dedos da mão que descansava sobre seu colo, um anel com a pedra que correspondia `a disciplina do curso que tinha completado. Seus lábios eram carnudos, sob um bigode tipo de Clark Gable, seus olhos eram cristalinos, e com o orgulho de um príncipe, na pompa e circunstância da tradição, ele ocupava seu lugar com convicção embora sempre tivesse sido rebelde.
O fato de que aquelas gavetas empenadas e difíceis de abrir guardavam tantos seres em formas e épocas diferentes fazia com que o resultado de nosso repetido concurso, pelo fato de ser sempre o mesmo, se fizesse sentir como se estabelecêssemos o ser sobre o devir, a essência sobre a mudança. Em poucas palavras, como se santificássemos nossos criadores. Mas a rotina que Mademoiselle decretou para nós ao exigir não só que jantássemos mais cedo, mas que tomássemos nosso banho de banheira separadamente, também botou fim a outro de nossos rituais. Quando repartíamos aquele banho, sob a tutela de uma empregada que nos deixava brincar na banheira por meia hora enquanto dava conta de outros afazeres, passávamos um longo momento avaliando os ladrilhos de cerâmica na parede do lado da banheira, sobre cada qual papai e mamãe haviam pintado um animal, para elegermos o mais bonito e o mais feio de toda a serie. Apreciando aquelas imagens, sentíamos a presença dos animais que retratavam e o universo de cada um se manifestava para nós do pequeno espaço de cerâmica que ocupava no seu ladrilho, como se este fosse uma janela para a sua alma, como se fossemos o homem da pedra identificando a pintura que fazia na rocha que o abrigava `a concretização do que pintava. Tal qual nosso concurso de fotografias, o resultado do que julgava as cerâmicas era sempre o mesmo, e nosso julgamento parecia cumprir alguma profecia que o transcendia. A interrupção profana de Mademoiselle a tudo aquilo me deu certeza de que ela devia ser demitida, e a intensidade dessa certeza era como prova de que a tal demissão seria levada a cabo mesmo que eu não tivesse a menor ideia de como isso aconteceria.
Mamãe sentia que a francesa nos tornava a vida difícil e frequentemente aparecia quando estávamos juntos para nos passar a mensagem de que nos comportássemos. Numa tarde em que teve que sair, pediu a papai que fizesse o mesmo. Ele, entretanto, passava o dia inteiro trabalhando em seu ateliê e na certa não imaginava qualquer possibilidade de problemas entre os “doces” filhinhos que tinha e sua governanta. Sentada conosco no chão de onde brincávamos, Mademoiselle era incapaz de tomar a iniciativa de procurar algum brinquedo dentro dos pequenos armários na extremidade daquele espaço. A impossibilidade de nos comunicar era como um interdito a que fizéssemos qualquer coisa juntos, e nossa falta de inspiração nos petrificava. Antes que Mademoiselle entrasse em cena, Edgar e eu víamos, sob o piano de mamãe ali num canto, a praia de pescadores em Copacabana onde costumávamos ir com papai e mamãe. Havia sido nosso itinerário, quando nos colocávamos com minhas bonecas no carrinho de pedal de Edgar, e brincávamos de pai, mãe e filhos com elas. Mas sob a influência de uma babá deprimida, tudo que nossa imaginação criara se evaporou, e momentos vazios se empilhavam sobre nós sem qualquer luz no fim do túnel.
Certo momento em que me levantei para ir ao banheiro, Mademoiselle me alcançou e começou a me seguir, deixando Edgar sozinho. Incapaz de lhe dizer que ficasse com ele, que era mais moço, senti a presença da governanta atras de mim até chegar `a privada, quando então se plantou ao meu lado, esperando que eu acabasse a difícil tarefa de urinar na sua presença. Quando me levantei, ela ousou me limpar com papel higiênico, coisa que nenhuma babá, desde que eu pudesse me lembrar, havia feito. Afinal, eu já tinha cinco anos e me senti infantilizada por alguém que nem podia falar as palavras que eu falava. Sua sentença foi decretada.
Com determinação cega, mas aguda, voltei para o quarto de brincar seguida por Mademoiselle. La chegando, ela logo se sentou ao lado de Edgar. Vendo os joelhinhos sujos e redondos de meu irmãozinho refletindo tal mistura de inocência e aventura da sua posição de obediência cativa sobre aquele chão de tedio, como que transmitindo a essência de sua liberdade angélica, infantil e criadora, senti renovar o amor que eu lhe tinha. Foi a gota d’agua. Ao invés de me sentar com eles, eu, que nada tinha planejado, comecei a dar voltas em torno de Mademoiselle e, olhando Edgar nos olhos, consegui que ele não só me seguisse como acompanhasse o canto que iniciei ao repetir ritmadamente enquanto galopava ao redor de nossa supervisora, as duas palavras que eu e ele considerávamos os piores palavrões: “Bunda, cocô, bunda, cocô...”, como se fossemos selvagens dançando em torno de um prisioneiro prestes a ser comido.
Mademoiselle pareceu confusa, mas quando, no calor da “cerimonia”, comecei a cuspir sobre ela, Edgar fazendo o mesmo enquanto continuávamos a volteá-la, a governanta afundou seu rosto em suas mãos, começou a se mexer com dificuldade, como a bruxa do Magico de Oz prestes a se derreter após levar um copo de água fria na cara e, saindo de seu torpor, levantou-se e alcançou a saída do quarto. Adivinhei que ela se encaminhava ao ateliê de papai, aquele lugar sagrado onde ele, mamãe e nós dois pintávamos e fazíamos esculturas, sob o som de Scheherazade de R Korsakov evocando para nós o mar e suas gigantes ondas arrebentando e se unindo novamente ao infinito azul, através da ferocidade e caricia que as ondas têm em comum com o amor. Aquela divina música nos identificava enquanto nossas mãos moldavam materiais diferentes e faziam nascer formas diferentes. A ida de Mademoiselle aquele ateliê para queixar-se de nós era a violação de um santuário.
Depois que um momento perplexo fundiu meus olhos aos de Edgar, chegamos a um de nossos acordos sem palavras, e, pegando minhas bonecas e levando o carrinho de pedal que Edgar tinha porta afora, arrastamos tudo aquilo para o topo de nossa rua sem saída, bem na frente do portão da casa de Aninho. Coloquei-me com minhas bonecas no banco de trás, mantendo mantive meus pés contra o asfalto para impedir que o veículo descesse ladeira abaixo, e Edgar, no banco da frente, o freou da mesma maneira, até o momento definitivo de levantarmos nossos pés em sincronia e nos abandonar `as mãos de Deus. Antes que pudéssemos alcançar a rua movimentada que passava lá embaixo transversal `a nossa e ser atropelados por algum dos ônibus gigantes que nela corriam sem parar, a descida se nivelava ao lado de nossa casa, dando a Edgar a chance de virar o carro para a calçada e pará-lo naturalmente, como sempre fez em todas as vezes em que nos despencamos juntos dentro do pequeno veículo.
Eu super admirava a capacidade de meu irmão ser tão bom motorista, mas daquela vez, senti um frio no estoômago assim que liberamos o carrinho, e antes que me desse conta, encontrei-me debaixo deste de cara pro asfalto, minhas bonecas espalhadas pela rua, e Edgar jogado ali perto aos berros. Nada senti no meu joelho que pingava sangue, mas Edgar gritava tão alto que papai e mamãe saíram de nossa casa assustados. Pálidos, carregaram-nos porta adentro. Tiveram que interromper sua discussão sobre a partida repentina de Mademoiselle para nos acudir e bronquear: “Quem deixou vocês irem pra rua sozinhos pra descer a ladeira daquele jeito?” “Como vocês puderam ser tão malucos?” e afinal, “O que vocês fizeram pra Mademoiselle se despedir de repente sem nem querer receber dinheiro e dizendo que nunca mais a procurássemos?” Disse também a papai algo que ele nunca esqueceu e que insinuou para nós numa mistura de reprovação e ironia, sempre que podia nos compreender e ao mesmo tempo desaprovar:
“Mademoiselle bem sabia o que dizia quando falou que vocês eram demoníacos!”
Mas sabendo ou não, tenho certeza de que ela não tinha ideia de como Aninho, Marfulada e Marfutti precisavam de nós! Não tinha a menor suspeita da necessidade que tinham, com os animais nos azulejos de nosso banheiro, e com nossos pais em suas fotografias, de que os santificássemos! Mademoiselle não imaginava a força de um outro mundo!
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