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Foto do escritorPaula Sabbag

uMA eTERNIDADE



Leva uma eternidade, na verdade

Para acontecer de fato o que muita gente diz

Que a gente nasce sabendo

A mulher nasce mãe mesmo?

Com o instinto de cuidar, de fazer o que tem que ser feito

Talvez nesse aspecto sim

Mas há quem concorde comigo

Que ser mãe leva tempo

Leva inúmeras lágrimas e sentimentos

Que muitas vezes se admite de pronto

E em outras o medo e a vergonha não deixam que a gente o faça

Leva anos de ideias e comportamentos

De sofrimento após os erros cometidos

De aperto no peito de saudade e de mal estar pela sensação de descanso que a ausência traz

Leva noites e dias para ensinar, para aprender a ensinar e para refazer mil vezes o que já deveria estar sendo feito de maneira melhor

Leva meses e anos de confusões, de certezas que viram incertezas em um piscar de olhos

Momentos e mais momentos de olhar para dentro de si e enxergar ali o que precisa pra gente ser melhor, por eles, para eles

Leva uma eternidade para ser mãe

E no meio desse tempo todo, a gente se toca de que o tempo passou, a gente se preocupou demais com o que deveria se preocupar de menos

Menos tensão, mais beijos, menos pensar o que vão dizer de mim se eu agir assim ou assado

E mais fazer durar o sorriso, o abraço, o olho no olho

Leva muitas e repetidas vezes fazer o mesmo discurso, usar as mesmas palavras

E leva muito tempo para aprender que o tempo vai nos atropelar e a gente vai sempre ter a sensação de que deveria ter feito diferente

Uma eternidade de culpas e de doçuras

Leva uma eternidade para ser mãe

Leva muitos potinhos de feijão cozido, muitas conversas até a porta da escola, muitas mamadas na madrugada e muita espera até a febre baixar, muitas noites na janela esperando até o rebento chegar, muitos orgulhos e muitos medos

E nesse longo processo de aprendizado, se não fosse por todo o amor que a gente sente e tudo de lindo que se vive e viveu, a gente teria pressa para essa eternidade acabar.


De Paula Sabbag para CRIATIVOS!


 

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