Uma Solução para Vênus
Que ninguém se decepcione ou se assuste.
Não vou falar de Sexologia; nem tampouco de Astronomia. Prefiro falar duma velha paixão que me acompanha desde a infância: Mitologia Clássica. Monteiro Lobato e a coleção “O Caminho de Ouro” me ajudaram muito nisso.
Em geral, os deuses com quem convivemos em nossas fantasias são
Filhos de Zeus, seja com Hera, seja com outras deusas, e os heróis são seus filhos com mulheres mortais.
Vênus, ou Afrodite, tem uma paternidade indefinida. Para Homero, ela é filha de Zeus com a oceânida Dione; mas Hesíodo diz que ela nasceu do sêmen de Urano que caiu no mar por ocasião de sua castração por Cronos.
Ora, Zeus estava apaixonado por Dione, mas Hera estava mais vigilante do que nunca, ameaçando as amantes do marido com os piores castigos. O Pai dos Deuses fingiu-se de marido fiel durante um bom tempo, comunicando-se com a oceânida por meio das gaivotas.
Um dia, ele recebeu uma notícia: “Temos uma linda filhinha, formada do sêmen de Urano que aqui caiu. Nem imagine como é bela! Vai ser nossa filha adotiva! Assim Hera nos deixa em paz, pois ela está bem vendo que você não está se ausentando do Olimpo! Deixa passar um tempo e a gente volta a se encontrar!”
Numa tarde de verão, enquanto Hera dormia a sesta, Zeus resolveu ir conhecer a filhinha. Disfarçado de albatroz, saiu do Olimpo e mergulhou no Oceano.
Ao ver a menina, não pôde conter o entusiasmo: “Vou levá-la comigo!’ “Só quando fizer quinze anos, e se ela quiser”, retrucou a oceânida.
Pacientemente, o Pai dos Deuses esperou.
Enquanto isso, Afrodite se tornava cada dia mais bela, e um deus marinho, chamado Nerites, apaixonou-se por ela.
No dia da decisão, a mãe comunicou-lhe o desejo do pai. Ela aceitou, com a condição de que Nerites a acompanhasse. Ele, surpreendentemente, se recusou. Irritada, Afrodite disse que iria para o Olimpo com ele, fosse por bem ou por mal. Então o rapaz foi perdendo a cor e os movimentos, abraçado à amada. Pouco a pouco, foi transformado em concha.
Zeus observava. A concha foi parar na ilha de Chipre. Já prevendo o final feliz, convocou Zéfiro, o vento gentil, e Clóris, a deusa das flores, para a receberem na praia.
O resto da história ficou por conta do gênio renascentista Sandro Botticelli.
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