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Uma tarde em Porto Alegre... Mário Quintana

Lais Amaral Jr.


Um assunto puxa outro, é o que se costuma dizer. E domingo à noite estava eu assistindo a uma resenha esportiva na TV e tomei conhecimento do chocolate que o Inter sapecara no Flamengo, em pleno Maracanã. E em meio à sutil perplexidade mal escondida dos comentaristas espalhados nos quadrinhos da tela, alguém lembrou do tamanho do Internacional. Citaram estrelas de outros tempos. Falcão foi uma delas, claro. E aí a espoleta estalou lá dentro e eu embarquei em mais uma viagem no tempo. Mergulhei para dentro de mim e adeus resenha. Só restou o meu corpo como uma casca de cigarra abandonada na poltrona da sala.


Desembarquei em meados da década de 1980 flanando por Porto Alegre. Juntei a viagem de férias ao Sul com o motivo maior: encontrar o poeta. Eu marcara o encontro com sua secretária, na verdade, uma sobrinha sua. Cheguei ao hotel, informei sobre o encontro e subi. Ela me recebeu e me encaminhou à uma saleta e foi chamar o homem. E lá veio ele montado num cativante sorriso de boas-vindas e, de pijama. Como se a perceber minha falta de jeito de iniciar uma conversa com o meu maior gigante da poesia, ele liberou uma falação que foi desde a confirmação de que o quarto do hotel, sua residência, era mesmo uma cortesia do jogador Falcão, já então o ‘Rei de Roma’, até a forma como estava conseguindo seu sustento.


“Eles me pagam por umas besteiras que eu escrevo para suas propagandas de óculos”. Disse isso já rindo para depois acrescentar que “eles gostam de mim, são muito generosos”. Referia-se a uma rede de óticas que o tinha como um poético redator publicitário. Depois me levou ao seu quarto e mostrou na parede as várias fotos da atriz Bruna Lombardi, a quem admirava com veneração.


O tempo, cerca de uma hora, passou muito ligeiro. É sempre assim. Mas deu pra ouvir e guardar a deliciosa história da placa de bronze: Sendo ele um filho nobilíssimo da cidade de Alegrete, autoridades municipais encomendaram um poema para ser gravado na placa de bronze que instalariam em sua homenagem na principal praça da cidade. Ele não aceitou o pedido dizendo que não tinha como escolher um poema e que ‘um engano em bronze é um engano eterno’. E eles acabaram colocando essa frase na tal placa.


Antes das despedidas ele me perguntou seu eu tinha filho. Na ocasião Carolina ainda não chegara e eu disse que tinha um sobrinho, Felipe. E ele autografou um livro de trovas infantis para meu sobrinho: “Ao Felipe, com carinho, Mário Quintana”. Felipe hoje já é pai, mas me garante que ainda guarda a relíquia, o livro autografado por um dos mais brilhantes poetas da última flor do lácio.


Saí do hotel ainda meio em transe e fui encontrar minha companheira. Ela aproveitara a viagem à capital gaúcha para conhecer pessoalmente uma amiga adquirida via correspondência estimulada pelo programa ‘Noturno’, da maravilhosa Rádio JB (AM). Fomos fãs do programa, vocês lembram né? Luiz Carlos Saroldi, Ney Hamilton, Eliaquim Araújo. Quando as encontrei, sugeri um bar. Precisava de umas e outras. A ficha estava finalmente caindo. Eu estivera com um dos meus maiores ídolos das letras, ao vivo, numa conversa quase íntima. Daquele dia em diante passei a admirar o Falcão para além das quatro linhas e guardo na memória o sorriso moleque daquele gaúcho de Alegrete. Foi um sonho real.



“O mais feroz dos animais domésticos é o relógio de parede: conheço um que já devorou três gerações da minha família”. (‘O relógio’ – Mário Quintana)


 

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