Val Asevedo, professora e escritoraengajada na defesa dos direitos da criança

Lais Amaral Jr.
há 5 horas
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A professora Valdete Tereza da Costa Asevedo ou a escritora Val Asevedo, é apaixonada pela Educação Infantil. Nascida em Resende, no Sul Fluminense, mais precisamente na fazenda da Boa Sorte, zona rural do Município, cresceu e viveu a infância intensamente junto à natureza, se banhando em rios, subindo nas arvores, brincando na lama e estudou nas Escolinhas locais.

Hoje é graduada em Pedagogia e Pôs Graduada em Psicopedagogia pela Associação Educacional Dom Bosco, onde também trabalha. É Mestranda em Educação, na Universidade UNIFOA e lecionou na Universidade Estácio de Sá e na Universidade de Barra Mansa, UBM. Professora e orientadora pedagógica, ocupando cargos de direção e coordenação em várias instâncias da Rede Municipal de ensino de Resende.

É autora de vários projetos na área da Infância com produções e publicações na área da Infância, como ‘Anais de Congresso’, publicação no caderno Fundação Abrinq, livreto ‘Ouvindo Criança’, livro ‘10 Anos da OMEP/Resende’. É voluntaria e militante na causa da primeira infância, defensora direitos da criança, e acaba de lançar o livro de literatura infantil, O Mistério da Caixa Azul.

CRIATIVOS – Val, você é professora para vários níveis, professora universitária, gestora em educação e autora de projetos voltados para a educação. Quando se deu conta dessa vocação, dessa paixão pela educação infantil?

VAL ASEVEDO - Minha paixão vem de muito tempo, quando escolhi fazer o curso de formação de professora e assim iniciei minha vida profissional trabalhando com criança. No início como auxiliar numa turminha de maternal e depois como professora na pré-escola. O meu encantamento com pequenos só aumentava.

Com o passar dos anos descobri que as crianças precisam de atenção e carinho, todo o resto ela descobre sozinha e que cabe aos adultos defender os direitos da criança. Então, ampliei minha atuação, focando nos direitos da criança, criando projetos como Infância em Foco, que trata a criança como prioridade absoluta, para atender suas necessidades básicas.

Passei a fazer parte de movimentos em defesa do direito da criança, como o movimento das Fraudas Pintadas, na cidade do Rio de Janeiro para reivindicar o Fundeb para a primeira infância. Fiz parte da Fundação Abrinq, como Articuladora do projeto Creche para Todas as Crianças. Tal projeto possibilitou que, em Resende fizéssemos a revitalização (reforma), curso de formação, doação de brinquedos e de kits de livros de literatura infantil para três creches da rede Municipal.

Atuei como professora formadora de profissionais para atuar na educação infantil. Trabalho como voluntária por mais de 25 anos, inicialmente a frente da OMEP- Brasil (Organização Mundial de Pré-escola) e depois Fundação Abrinq e hoje na Aliança pela Infância. Dessa forma me considero uma ativista pela defesa dos direitos da primeira infância.

CRIATIVOS - O Brasil é um país no qual identificamos vários setores reivindicando e indo à luta por seus direitos. Como defensora dos direitos da criança, você poderia comentar se estão sendo obtidos avanços nessa área?

VAL ASEVEDO - As evidências científicas sobre o desenvolvimento na primeira infância evoluem sem parar. Mais tudo na Educação Infantil somente é conseguido com muita luta, mesmo sabendo que a criança é prioridade absoluta, nada é fácil nessa área.

Quatro anos atrás, em nome do ‘Núcleo Aliança pela infância-Resende- Ser Criança’, entregamos uma Carta Compromisso a ser assinada por todos os candidatos a Prefeito do município, na qual se comprometiam a criar o Plano Municipal para a Primeira Infância – PMPI, caso eleitos. A demanda foi atendida pelo candidato eleito e, finalmente tive a oportunidade de fazer parte da comissão que elaborou o Plano do Munícipio de Resende, implementado em 2024.

O Plano Municipal para a Primeira Infância, garante prioridade absoluta aos direitos da criança de acordo com o artigo 227 da Constituição Federal. Partindo de um diagnóstico da situação da primeira infância localmente, ele é um caminho que alavanca para as políticas públicas municipais no curto, médio e longo prazos independentemente da gestão. Quando agentes de gestão pública aplicam esse conhecimento em programas e projetos voltados às crianças, criam-se condições mais favoráveis para a promoção de políticas de qualidade e equidade na educação dos pequenos. Estamos aqui para cobrar esses direitos da criança.

CRIATIVOS - Alguns observadores consideram preocupante o fato de a infância, dos tempos atuais, trocar livros e até mesmo, as brincadeiras ao ar livre, pelas telinhas de celulares, por exemplo. Na sua opinião, a infância pode se tornar refém das novas tecnologias e quais seriam as consequências disso?

VAL ASEVEDO - O excesso de tela traz vários prejuízos no desenvolvimento infantil. Enquanto exposta por muito tempo a frente de uma tela, a criança perde a oportunidade de praticar habilidades importantes para seu desenvolvimento global, desenvolvimento social, linguagem, saúde, física e afetiva, emocional e o sono. Temos uma orientação da Organização Mundial da Saúde que diz que as crianças até dois anos, não devem ser expostas a tela e que as de 3 a 5 anos permitir somente uma hora por dia. Infelizmente não e o que temos visto.

Preocupante é, que memorias essas crianças terão quando adultos? Que geração está por vir? Eu tenho feito a minha parte alertando os pais para os riscos que seus filhos estão correndo com o excesso de uso de tela. As ações que propomos são sempre para ocorrer em espaços abertos, junto à natureza, convidando a família a tirar suas crianças das telas, caixas, desemparedar os pequenos para brincar nos quintais, nas praças e parques das cidades.

CRIATIVOS - O que é e qual o principal objetivo do projeto Leitura no Parque?

VAL ASEVEDO - O Projeto Leitura no Parque e uma das ações do ‘Núcleo Ser Criança’, que acontece durante o ano inteiro, sempre nos finais de semana, para que as famílias possam participar junto com a criança. Ocupando os parques e praças de diferentes comunidades, não somente no município de Resende, mas também em municípios vizinhos.

O projeto tem como finalidade proporcionar o encantamento, o prazer, o sonho, a descoberta, a imaginação, o conhecimento e a alegria que a leitura e o contato com os livros proporcionam. Realizado sempre em ambientes externos, junto à natureza, na sombra de uma árvore, no meio de um parquinho, no banco de uma praça, onde professores, estagiários e voluntários convidam crianças, jovens e adultos e oferecem livros de literatura para serem desfrutados por todos, como um piquenique de livros para alimentar a alma. Aos poucos, os livros são revirados através das rodas de leitura, contação de histórias, da oralidade, do teatro de fantoche, da música, da interação, além da doação de livros infantis. Ocasião em que se descobre o prazer de ler e de contar histórias. Hoje já contamos com mais de 19.000 livros de literatura infantil doados.

CRIATIVOS - E você não se limita à teoria e orientações, acabou de lançar o livro infantil ‘O Mistério da Caixa Azul’. Fale desse seu livro.

VAL ASEVEDO - O livro conta a história da menina Sofia, uma garotinha de cabelos vermelhos, que adora brincar e guardar coisas na sua caixa azul misteriosa! A história foi pensada para trazer uma consciência ecológica e também um resgate das memórias, nesse mundo do uso desenfreado das telas. O mistério da caixa convida as crianças a participar ativamente da contação, pois ela é questionada a dizer o que tem dentro da caixa. A história faz como que os leitores reflitam o quanto cada um de nós tem que fazer para cuidar do planeta Terra. No final a menina Sofia, convida a todos a plantar uma semente. Leia e descubra o Mistério

O livro pode ser encontrado nas ações de rua do ‘Núcleo Ser Criança’, durante Projeto o Leitura no Parque (distribuição gratuita).

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Evandro Lima e Lais amaral Jr, repertório Cedro rosa Digital