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Foto do escritorPaulo Castro

“Vida Triste”


Frequentador do botequim da Bolívar, vez em quando aparecia no nosso reduto do posto três. Chegava, cumprimentava o grupo, aboletava-se no balcão e pedia um chope: ˜Dois dedinhos de espuma, por favor.”


O apelido foi dado por alguém da turma depois de ouvir algumas de suas histórias. Não era pejorativo nem irônico. Procurava, sim, fazer jus a essa figura que, aos poucos, ia se tornando folclórica nos botequins das redondezas, por suas histórias sempre pra baixo.


No início, ficou afastado e só entrou na conversa depois que alguém se dirigiu a ele, convidando-o a participar do papo: Quem ganha hoje? Fluminense ou Flamengo? Aproximou-se e, apesar de tricolor, não respondeu à pergunta, mas contou a sua primeira tristeza: “Ontem, enfrentei uma fila de quase quatro horas nas Laranjeiras para comprar a entrada do jogo, peguei chuva, fui empurrado, levei porrada, consegui comprar o bilhete, mas, no meio do bolo, fui furtado. Também, reconheço, marquei bobeira: feliz da vida, levantei o bilhete para mostrar aos outros que o havia conseguido e nem vi a mão que o levou. Quis reclamar, mas fui empurrado pelos outros da fila: “vãobora, vãobora”! Voltei pra casa abatido, derrotado, com o corpo dolorido e encharcado pela chuva que caía.”


 

Escutem Saudade de Meus Botequins, de Paulinho do Cavaco e Luis Pimentel, em gravação de Tomaz Miranda.

 

Depois dessa, vieram outras sempre como complemento de alguma que alguém contava. Ele ouvia com interesse, ficava de prontidão, e, assim que o narrador terminava, tomava um gole do chope, pegava o mote e dizia “comigo foi pior”: vergonha, o filho foi apanhado fumando maconha na escola; decepção, a filha saiu de casa, largou a faculdade e estava vendendo bijuterias, junto com o namorado hippie, nas calçadas de Búzios; violência, a família sofreu um assalto dentro de casa e levaram as poucas economias que tinham; prejuízo, durante a chuva, um poste caiu em cima do carro que ainda estava pagando e não tinha seguro... E por aí vai. Pra qualquer tema, uma história mais triste ainda. A turma ouvia e não comentava. No máximo, alguém dizia um “é isso aí, Vida”.


Hoje, porém, o caso triste ficou por conta de Anselmo, um dos mais antigos do grupo. Ele, que sempre abria a conta, chegou depois de todo mundo e foi logo dizendo: o Teixeira, outro da antiga, pegou a mulher aos beijos com um cara no quiosque da Santa Clara. Meteu a porrada nos dois, veio a polícia e levou todo mundo pra delegacia. Eu ia passando na hora e fui até a DP dar apoio ao amigo. Teixeira ainda está lá. Arrasado e com a mão inchada. Parece que mandou bem.


A turma, de início, ficou pasmada e perplexa, mas, em seguida, como em um ritual, olhou para o “Vida”, que, de prontidão, aguardava o término da história para, como sempre, engrenar a sua. A turma esperou. Ele bebeu de uma só vez o chope da tulipa, pagou a conta, encarou a turma, olhou o relógio da parede, respirou fundo e disse solene: “Pessoal, está quase na hora do jogo. Fui!” Diante da surpresa geral, ouviram-no dizer, meio malandramente, enquanto se afastava: “Não levem a mal, mas de chifre não tenho história não!”


 

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Por Dentro da Cedro Rosa, com Nelson Freitas.







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