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Foto do escritorJorgito Sapia

VIRGÍLIO E OS OUTROS CÍRCULOS DO INFERNO!





Virgílio, leitor contumaz, desde cedo tomou gosto pelo romance policial.


Leu, na adolescência, O Assassinato de Roger Ackroyd e o Assassinato no Expresso do Oriente de Agatha Christie. Sempre considerou Hercule Poirot, o detetive belga que fazia uso de suas “células cinzentas”, muito mais interessante que Clark Kent e seu alter-ego, o Super homem.

Virgílio prefere a leitura de George Simenon, - o escritor que tornou famoso o Comissário Maigret - e Sir Arthur Conan Doyle relatando a perspicácia com que atua o detetive mais famoso do século XIX: Sherlock Holmes e seu amigo, associado, assistente, biógrafo e cronista o Dr. John H. Watson, - do que mergulhar nos personagens do universo Marvel, aqueles super-heróis que vestem tecidos elásticos de cores primárias dotados, todos eles, de superpoderes.


Virgílio tem os dois pés firmados na filosofia aristotélica que compreende que os seres humanos são, essencialmente, criaturas sociais. Logo, desconfia, dos Bruce Wayne, Clark Kent e Peter Parker pela solidão que os caracteriza.


Virgílio também comunga da análise que Aristóteles faz da amizade. Sabe diferenciar a “amizade por interesse” da segunda forma de amizade que o filosofo grego denomina “amizade por prazer”, amizade baseada na fruição compartilhada dos amigos que desfrutam da companhia do outro. Foi com um dos seus amigos, Joan, espanhol, natural da Galícia, que tomou conhecimento do Mário Conde, o detetive cubano que ganhou vida na pena de Leonardo Padura. E, pela mesma fonte, conheceu o escritor mexicano Paco Ignácio Taibo II, autor de Desvanecidos Difuntos e criador do Belascoarán Shayne, um detetive independente, consumidor compulsivo de tacos e tequila e defensor do uso do cérebro no lugar da violência.


Essas referências literárias contribuíram por seu gosto pelas bebidas destiladas. Sempre preferiu desfrutar de um cálice de cachaça envelhecida em barris de madeira francesa.  Mas, é bom esclarecer, que não é um purista. Parece que foi na leitura do Xangô de Baker Street, do Jô Sores, livro que narra as aventuras do Sherlock Holmes em sua visita ao Brasil Imperial, que se deparou com a informação - que dá como fonte certa - que o Dr. Watson teria sido o inventor da caipirinha.

Desde que tomou conhecimento dessa descoberta em 1995, ano em que livro foi lançado, não dispensa esse drink que virou parte da identidade nacional brasileira, assim como o samba, a feijoada e a cachaça. Experimenta o drink em todas as cores possíveis que resultam da mistura da água ardente com as mais diversas frutas tropicais e, depois de se deliciar na observação detida da mistura, dá início aos trabalhos com um sonoro: salve Watson! Saúde!   


Não dispensa leituras e comentários sobre Philip Marlowe, detetive cínico, pessimista e duro, criado por Raymond Chandler e, claro, tem uma indisfarçável preferência - desde que leu por vez primeira O Falcon Maltesse do Dashiell Hammett - por Sam Spade. Sempre que é acometido por alguma dúvida existencial, pega, na prateleira, o DVD do filme que John Huston filmou, em 1941, com o sério Humphrey Bogart no papel do detetive durão e curte as cenas em preto e branco que, para ele, tem um colorido especial.


É dispensável dizer que segue a saga dos mais diversos detetives nacionais, mais próximos, claro, do seu universo de referência. Entre suas leituras preferidas aparece Mandrake, o cínico advogado criminalista que investiga casos insólitos apresentados por seu criador, Rubem Fonseca.  


Sempre entrou em transe quando numa festinha qualquer o DJ tocava Sonífera Ilha dos Titãs e se amarrou quando tomou conhecimento que Tony Belloto, o guitarrista da banda, incursionou pela literatura policial nos dando de presente as aventuras do jovem detetive Bellini que percorre o submundo de São Paulo.


Claro, como ninguém é de ferro, e talvez por sua origem gaúcha, Virgílio tira férias levando na bagagem Ed Mort, o detetive atrapalhado criado por Luis Fernando Veríssimo. Isso pra lembrar que é preciso descontrair.


Com esses personagens presentes na sua cabeça Virgílio foi se orientando na vida assim como seu xará, o poeta Publius Virgílio Maro, orientou Dante, na Divina Comédia, pelos círculos do inferno e do purgatório até chegar no paraíso e encontrar a alma de sua amada Beatriz.

Virgílio fez comunicação e ganha a vida, até hoje, exercendo sua profissão. Todo mundo tem que começar por algum lugar. Ele começou escrevendo necrológios num jornal de grande tirada.

Qualquer um teria tratado de se afastar, com rapidez, dessa peculiar atividade. Ele considerou que não era só um começo, mas um começo promissor. Daí a se tornar um repórter policial era um pulo.


Seu gosto pela literatura policial e pela trajetória dos detetives dos seus autores preferidos o fez procurar, em cada história, em cada necrológio, um aspecto possivelmente negligenciado pelo entorno familiar do defunto e, em casos mais complicados, pela autoridade policial.


Para ele não existia tempo ruim. Sempre relativizava. Se a morte de alguém tinha por diagnóstico insuficiência cardíaca, intuía, de hábito, alguma trama oculta capaz de encontrar uma explicação mais interessante para o decesso. Se o passamento tinha resultado de algum acidente de carro, imaginava logo uma perseguição motivada por ajuste de contas no mundo do tráfico. Atropelamento de idoso distraído: vingança! Enfim, sempre foi obstinado pela frase de Holmes “elimina um a um todos os outros fatores, aquele que persiste deve ser o verdadeiro”.


No tempo em que morou no Rio não dispensava as pataniscas de bacalhau do Pavão Azul, o bar de Copacabana localizado na calçada oposta à 12° DP. Entre um chopp e outro dava uma olhadela na intenção de flagrar a entrada do inspetor Espinosa, personagem criado por Luiz Alfredo Garcia-Roza. Mesmo sabedor que Espinosa era inspetor da 1º DP, aproveitava qualquer coincidência para lembrar de algum caso resolvido pelo protagonista de “Uma janela em Copacabana”.


A vida tem razões que a própria razão desconhece e, no lugar de enveredar pelo jornalismo policial acabou cobrindo a sessão de economia tornando-se um especialista na área. Depois de ter passado pelas principais revistas e vivido as alternativas laborais pós pandemia, resolveu mudar de ares. Deixou a grande cidade e mudou-se, em busca de frio e de tranquilidade, para uma cidade serrana.  


Tudo corria nos conformes até o dia em que deu falta do celular. Devo acrescentar que segui a trilha aberta pelo Virgílio e, no fim da pandemia me tornei seu vizinho. Uma noite dessas me preparava para dormir, quando ouvi batidas na porta.   Abri, Virgílio estava lá, visivelmente preocupado.



Foi logo falando – Inferno! Inferno! Perdi o celular! Liga pra mim?! Saquei logo não estava falando do hit do Calcinha Preta.

- Claro, falei. Deve ter caído na tua casa! Liguei e nada. Fora do ar!

- Inferno! Inferno! Liga pro Hugo, falou. Dei um pulo na casa dele. Deve estar lá!

- Hugo viu no carro, na casa, acordou a mulher e nada!

- Perguntei pra ele o que tinha acontecido: Vamos reconstituir teus últimos movimentos que a gente acha!


Virgílio tomou alento e começou a reconstituição do acontecido:

- ...as 18h. Hugo ligou pra eu ir na casa dele tomar um vinho porque eu tinha desmaiado na casa do Cezinha dias atrás quando fizemos uma moqueca e acabei na UPA, mas não foi a moqueca, que não tinha dendê e estava ótima, sei lá o que foi, mas a minha pressão caiu bastante e, bom, naquela segunda, 08, eu estava cansado e não queria sair, mas daí a Andrea ligou dizendo que os dois estavam me buscando de carro pra tomar o vinho e como tava frio vesti o casaco que tem bolso largo e cai tudo, assim quando entrei no carro deles já era noite e, sem que eu percebesse,  o celular caiu no chão em frente da minha casa, só poderia ser ali.

- Pronto! Falei: Vamos procurar na garagem. Esta rua é sim saída e tem pouco movimento. Caso tenha caído quando entrou no carro a gente acha!


Caraca mané! Procura daqui, procura dali e nada do smartfone aparecer. Dia seguinte, depois de uma noite mal dormida, vi ele saindo.

Virgílio comunicou: - vou comprar outro aparelho e providenciar a troca de senhas e cancelamento de cartões. Trabalhão danado. Inferno! Inferno!


Entubou o prejuízo e vida que segue.

Quando achava que estava tudo sob controle recebi mensagem via WhatsApp num grupo que a gente montou com uns amigos. Virgílio – prefiro transcrever a mensagem - contava o seguinte:

- Recebi e-mails do Mercado Livre avisando sobre compras de tevê, geladeira, bicicleta, celular e até uma panela de pressão, mas pensei que era vírus quando me dei conta que, claro, só podia ser alguém que achou o celular antigo e fez as compras e tinha certeza que eram compras feitas por alguém do puteiro ao lado da minha casa.


- Quando li: “puteiro ao lado de casa”! Pensei: Vai dar merda!

De fato, tem uma casa de saliência do lado do prédio. Aliás, tem duas, uma de cada lado do prédio. Isto é, uma à direita e outra à esquerda. Não se trata de uma bolsonarista e a outra comunista. Tem essa disposição conforme o lado da referência. Entrando no prédio a referência é uma, saindo do prédio a referência é outra. Ambas discretas, mas positivas e operando diuturnamente.

- E como você sabe que as compras foram feitas pelos ocupantes da casa de saliência? Perguntei.

- Poxa amigo, falou Virgílio, elemento claro da investigação é a ideia que o criminoso deixa uma marca, uma impressão capaz de revelar a sua identidade. Essa ideia, continuou, atribui à investigação policial/judicial a possibilidade de reconstrução da verdade através de vestígios e indícios.


-E que vestígios são esses?

Pois é. Veja bem, continuou - por exigência do Mercado Livre fui à delegacia fazer o BO e daí, junto com o escrivão, Pedro, localizamos no meu celular novo todas as compras indevidas, com exceção do DVD “O Jantar” do Ettore Scola que, este, sim, eu havia encomendado, e voltando, na conta do Mercado Livre notamos que haviam trocado o meu endereço de entrega por outros dois, um em Duque de Caxias, na Rua Echeverría, outro sabe onde? Na nossa própria rua, justamente no puteiro.

- Quero ver como tu vai explicar o acontecido sem levantar infundadas suspeitas. Reforcei o infundadas.


- Mas olha só. O telefone comprado ainda não foi retirado da Casa & Video tive a seguinte ideia.

Foi ai que baixou o santo do detetive e colocou no liquidificador todos os investigadores que leu na vida e saiu, como resultado final, a ideia que fez questão de expor para minha pessoa aguardando aprovação. Transcrevo conforme foi ouvida:

- Foi quando tive a ideia – falou Virgílio -  de me passar por entregador do Mercado Livre e bater lá no puteiro com uma caixa contendo supostamente o celular Motorola, só que dentro da caixa haveria outra caixa e talvez uma terceira ou quarta e, na última, uma cópia do BO e um bilhete meu pedindo que entregassem o meu celular antigo pra zeladora do meu prédio.  Ai estaríamos acertados e retiraria a queixa na delegacia e até deixaria pra lá a panela de pressão, a única compra efetivamente aprovada pelo Mercado Livre.  


 - Falei, meu caro, tu vais levar um processo. Pode até ser que você recupere o celular, mas o que não vai conseguir é explicar pra tua mulher como o celular foi parar no puteiro.

Foi exatamente aí que depois de ter refletivo sobre minhas, não tão infundadas dúvidas, desistiu da empreitada e falou:

- Deveria ter prestado atenção ao conselho de Raymond Chandler: Um bom detetive nunca contrai matrimonio.


 - Ai bateu Descartes: penso, logo desisto! 


Jorgito Sapia / Julho 2004


 

 Projetos da Cedro Rosa Aprovados pela ANCINE



A Cedro Rosa está envolvida na produção de diversos filmes e séries aprovados pela Ancine, com incentivos fiscais que permitem aos patrocinadores deduzirem o valor investido do imposto de renda devido. Aqui estão os três projetos principais:


1. Minissérie "História da Música Brasileira na Era das Gravações"

  • Descrição: Esta minissérie explora a evolução da música brasileira desde a introdução das primeiras gravações até os dias atuais, destacando momentos e artistas que marcaram a história da música no Brasil.

  • Aprovação pela Ancine: Artigo 1A.

  • Objetivo: Promover a riqueza cultural da música brasileira e educar o público sobre sua história.

2. Filme "Partideiros 2"

  • Descrição: Continuação do filme "Partideiros", este projeto foca nos grandes nomes do samba e suas contribuições para a cultura brasileira, além de mostrar a nova geração de sambistas.

  • Aprovação pela Ancine: Artigo 1A.

  • Objetivo: Preservar e divulgar o samba como patrimônio cultural brasileiro, proporcionando visibilidade a artistas veteranos e novos talentos.


3. Longa-Metragem "+40 Anos do Clube do Samba"

  • Descrição: Um longa-metragem em co-produção com a TV Cultura de São Paulo que celebra os mais de 40 anos do Clube do Samba, destacando a importância desse movimento para a música e cultura brasileiras.

  • Aprovação pela Ancine: Artigo 3A.

  • Objetivo: Registrar e celebrar a história e a contribuição do Clube do Samba, um importante movimento cultural que ajudou a moldar o samba e a música popular brasileira.




COMO APOIAR!

( qualquer valor )


Depósito direto na Conta do Projeto + 40 ANOS DO CLUBE DO SAMBA

Banco do Brasil - Banco: 001 - agência: 0287-9

conta corrente: 54047-1

PLAY PARTICIPAÇÕES E COMUNICAÇÕES LTDA - CEDRO ROSA

CNPJ: 07.855.726/0001-55


Conta OFICIAL verificada pela ANCINE.

Informe pela e-mail os dados e comprovante de deposito, para emissão do recibo



Como Patrocinar com Qualquer Valor

  1. Identifique o Projeto: Escolha um dos projetos da Cedro Rosa que você deseja patrocinar.

  2. Contato com a Produção: Entre em contato com a Cedro Rosa para obter mais informações sobre como realizar o patrocínio. Isso pode ser feito através do site oficial da Cedro Rosa ou por meio de contatos fornecidos pela produtora.

  3. Realize o Aporte: Faça o investimento no projeto escolhido. Qualquer valor pode ser aceito, e você receberá um recibo de mecenato cultural como comprovação do investimento.

  4. Guarde o Comprovante: Guarde o recibo de mecenato cultural para incluí-lo na sua declaração de imposto de renda. Esse recibo será necessário para deduzir o valor investido do imposto devido.

  5. Declaração de Imposto de Renda:

  • Pessoas Físicas: Podem deduzir até 6% do imposto de renda devido.

  • Pessoas Jurídicas: Podem deduzir até 4% do imposto de renda devido.


Benefícios Fiscais

Ao patrocinar esses projetos, você estará não só apoiando a produção cultural brasileira, mas também obtendo benefícios fiscais ao deduzir o valor investido do seu imposto de renda devido.


Para garantir que você está seguindo todos os procedimentos corretamente, é aconselhável consultar um contador ou especialista em imposto de renda.


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