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Foto do escritorPaulo Eduardo Ribeiro

Viva a burocracia



QUALQUER SEMELHANÇA COM FATOS OU SITUAÇÕES, VIVENCIADAS OU PRESENCIADAS POR VOCÊ EM UMA INSTITUIÇÃO BANCÁRIA, NÃO É MERA COINCIDÊNCIA.


Caramba pai onde você estava são duas horas da tarde. Você não respondeu minhas mensagens, fiquei preocupada com você.

- Fui ao banco filha, precisava encerrar uma conta.

Foi ao banco? Banco mesmo, aquele com porta giratória e seguranças pagando de Chuck Norris?


- Isso mesmo. Tentei encerrar pelo aplicativo, mas não foi possível, o encerramento precisava ser feito em uma agência para gerar um protocolo onde o correntista assina efetivando o encerramento da conta.

E você não podia ter respondido minhas mensagens?

- Podia, assim como você poderia ter me ligado.

Ai pai, ligado? Deixa pra lá, por que o encerramento da conta não pode ser feito pelo aplicativo?

- Por causa da assinatura.

Assinatura digital não serve?

- Aparentemente não, os bancos são digitais até a página dois.

E quantas pessoas tinham na sua frente quando você entrou?

- Três.


E quantos caixas?

- Bom... a moça que me deu a senha disse para eu ficar de olho no painel correspondente aos caixas 6 a 14.

Nossa, nove caixas e demorou tudo isso?


- Na verdade eram nove caixas, mas somente três estavam atendendo.

Não estou entendendo, não eram apenas três pessoas na sua frente?

- Eram, mas chegaram umas três pessoas que pegaram senha preferencial.

Entendi, um caixa era preferencial então ficaram somente dois atendendo.

- Não, todos começaram a atender as senhas preferencias e fui ficando para trás.

Agora fiquei confusa.

- E eu fiquei com vontade de esganar alguém.

Tô imaginando o parto que foi na hora que te chamaram.

- Não foi tranquilo.

Sério?

- É o atendente pediu meu documento, acessou a conta e a principio disse que não poderia encerrar porque tinha R$ 57,00 na conta.

Mas então o senhor sacou o valor e encerrou a conta certo?

- Na verdade não, o dinheiro estava lá por causa das tarifas que vencem esse mês e precisam ser saldadas.


Aí ele encerrou a conta...


- Não, ele disse que eu só poderia encerrar a conta depois que a dívida fosse saldada, na virada do mês.

Mas aí não iria começar a computar um novo período dessa tarifa?

- Foi exatamente o que eu disse para ele, eu nunca vou conseguir encerrar a conta desse jeito.

E aí?

- Bom, ele colocou a mão no queixo, franziu a testa, deu um suspiro prolongado, olhou para mim e disse: “O senhor tem razão, vou imprimir o protocolo de encerramento”.

Deve ter levado mais um tempão isso aí.

- Não, em menos de cinco minutos tudo resolvido, o papel estava impresso na minha frente para assinatura, dei aquela lida rápida e rabisquei no local indicado.

Caramba pai, eu achei que o banco estava lotado, eu ia até brigar com você por causa do distanciamento social.


- Nada, quando eu saí contei duas pessoas aguardando atendimento.

Por essas e por outras que não tenho conta em banco físico, estou muito satisfeita com a minha conta digital.

- É filha, e ainda paguei R$ 7,00 de estacionamento.


Só falta você me dizer que o estacionamento não aceitava cartão.

- Ah isso não tem como, todo mundo aceita cartão hoje em dia e não é diferente com esse estacionamento, eles aceitam todas as bandeiras desde que o tíquete esteja carimbado pelo banco.

Quer dizer que se você se esquecer de carimbar...

- Você volta e carimba... Viva a burocracia.


Paulo Eduardo Ribeiro, do Canal Ponte Aérea, para CRIATIVOS!


 

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